Desde que comecei a pesquisa que me levou ao método que hoje
utilizo no meu atendimento, e até há pouco tempo, pensava que a minha busca
pela paz interior e a auto-realização nunca iria terminar. E a questão é que embora
a minha proposta seja de limpeza e eu mesmo já tenha feito uma boa faxina
interna, ainda não me tinha apercebido que, fora das sessões mantinha continuamente o meu foco no
exterior.
Foi a partir do momento em que comecei a olhar para dentro,
observando o que se estava a passar dentro de mim em cada momento, que a minha
vida realmente começou a tomar outro rumo, ou seja, aquele que eu inconscientemente desejava há
muito tempo, o da consciência e paz
interior.
Provavelmente o leitor também se encontra nessa busca
incessante por algo no exterior, como forma de realização. Procura o complemento
através de um relacionamento, de um
automóvel, de um filho ou filha, de um apartamento, de um curso, de mais
dinheiro, etc.
Infelizmente nenhum dos aspectos citados pode nos completar, porque já somos completos,
com o único detalhe, de que ainda não nos apercebemos...
E enquanto nos mantivermos focados fora estaremos longe do
objetivo. Alguns ao fim de muitos anos de busca e já desesperados, rendem-se e
mudam o foco para dentro, aceitando-se como são.
Essa é a grande ilusão em que vivemos, o exterior. Nada se
passa fora, tudo se passa dentro.
Ao longo do processo evolutivo neste planeta e devido à
nossa natureza humana, há um momento em que por diversos motivos, nos
abandonamos e passamos a viver em função do exterior e dos outros.
Começamos
assim a assumir um papel de vítima que perdura normalmente ao longo do resto de
nossa vida, abandonando a nossa essência naturalmente criadora.
Responsabilizamos os parentes, os chefes, os governos, os pais, a sociedade, os
filhos e etc, pelos nossos males, as nossas desgraças. Passei grande parte da
minha vida fazendo isto até que me apercebi que eu era o criador, realizador e
único ator da minha vida.
Percebi também que tudo o que está fora e me toca, de
alguma forma está também dentro. Fui uma vítima perfeita até há pouco tempo!
Interessante é verificar que na maior parte das vezes quando
eu verdadeiramente aceito com o coração o que é em cada momento, se dá uma
transformação, onde antes havia luta e resistência.
A liberdade interior é algo que só se reabilita quando se
abandonam posições rígidas, certezas absolutas, necessidade de controlar devido
à sensação de não se ser completo, de faltar sempre algo. O sistema que desenvolvi para alcançar essa
liberdade passa fundamentalmente pela libertação emocional e relacional.
Se é verdade que tudo onde colocamos a atenção tem tendência
a crescer e por esse motivo devemos colocar a atenção no que queremos e não no
que não queremos, também é verdade que se eu tiver a casa completamente
inundada tenho que colocar a atenção nela, retirando toda a água, etc., caso
contrário ficará inabitável e irrecuperável.
Assim no sistema que desenvolvi convido à libertação
emocional e relacional através do foco consciente em si mesmo.
Proponho ao leitor que faça agora uma pausa na leitura e
coloque a atenção no seu interior, na sua mente, nas suas emoções e no seu
corpo. Observe o que se está a passar dentro
de si, consigo mesmo.
Se estiver a sentir vontade de chorar, não reprima e chore
porque é o que está lá ... Se sentir raiva, dê umas pancadas numa ou com uma
almofada... Se sentir medo, permita-se senti-lo... Se sentir vontade de se
espreguiçar, espreguice-se... de rir,
ria porque é o que está sentindo vontade de fazer! Seja livre neste momento!!!
Aquele que está a observar o seu interior, é o leitor. As
emoções e o eventual mal estar irão desaparecer à medida que as conseguir
apenas observar, sem se envolver com elas, sem lhes acrescentar energia.
Com a prática irão desaparecendo, camada
atrás de camada.
Imagine uma cebola e o leitor encontrando-se no centro. A
camada mais externa corresponde aquilo que está a viver neste momento e que
está a mostrar para o exterior. Enquanto não dissolver todas as camadas que rodeiam
o espaço central, não saberá quem é verdadeiramente! Não encontrará a paz
interior duradoura, que sempre lá esteve. Continuará procurando e olhando para
fora.
À medida que desenvolve essa prática o sofrimento começa a
desaparecer, a luta acaba e começa a experimentar a vida na sua plenitude.
Começa a verificar que antes dava todo o poder ao exterior.
Que todo o poder que agora sente, sempre lá esteve. Apenas o leitor estava
distraído olhando para fora.
Quase todo o ser humano está focado naquilo que lhe falta em
lugar de agradecer tudo o que tem. Hoje cultua-se essa abordagem. Verifica-se
que muitas pessoas alcançam os objetivos que se propõem através do foco constante no que querem. O
que não se questiona é o grau de satisfação e nível de consciência que alcançam
após a obtenção dos seus objetivos. De alguns sabe-se que entram em depressão,
ficam adictos de álcool, drogas, etc.
Que fique bem claro que nada está errado quando se pretende
e se alcançam bens materiais. O que é importante é compreender que não são eles a fonte da alegria e da paz interior, da
auto-realização, etc.
Tudo o que é externo é fonte de satisfação temporária,
apenas as experiências internas são eternas!!!
Enquanto o homem
procurar fora a sua realização, bem poderá procurá-la porque nunca a irá
encontrar. Pelo contrário, estará cada vez mais insatisfeito.
Procure observar no dia a dia que não são as situações que o
irritam, é o leitor que se irrita com as situações! O leitor poderá perguntar: mas Fernando, o que quer que eu sinta quando a
minha filha não me escuta e me responde gritando?
Reflexão:
No Ocidente quando alguém abandona o corpo (morre), toda a
família fica triste e chora muito não vendo outra forma de agir (reagir...)
Na Índia, por exemplo, na mesma situação, as pessoas fazem
uma festa.
Será que os Indianos
são todos insensíveis à “morte” ou são todos loucos e nós somos muito
inteligentes e sensíveis?
Estaremos nós certos, ou os indianos? Haverá apenas uma
única verdade? Qual a relação efetiva entre “morte” e alegria ou tristeza?