segunda-feira, 26 de março de 2012

Condições para o desaparecimento de uma civilização

Will Durant em 1935 já falava de forma muito clara sobre as condições que podem levar ao desaparecimento de uma civilização. Não foi decerto o único, nem o primeiro. Porém, pela simplicidade e qualidade do texto, e pela sua atualidade e pertinência, decidi oferecê-lo a todo o  leitor que comungue dos mesmos anseios de dum despertar do planeta, antes que seja tarde, e que possivelmente de outra forma nunca saberia da existência deste texto.
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O desaparecimento destas condições pode destruir uma civilização. Um cataclismo geológico ou profunda mudança climática; uma epidemia impossível de ser controlada, como a que abateu metade da população do Império Romano sob o reinado dos Antoninos, ou a Peste Negra que pôs fim à Era Feudal; a exaustão das terras ou a ruína da agricultura devida à exploração dos campos pelas cidades, resultando em precária dependência da importação de víveres de fora.; a escassez de recursos naturais, combustíveis e matérias-primas; uma mudança nas rotas comerciais, que deixa uma nação em desvantajosas condições de tráfego; a decadência mental e moral devido ao urbanismo, conseqüente à queda da disciplina; o enfraquecimento da cepa étnica devido a uma desordenada vida sexual ou a uma filosofia pessimista ou quietista; a inferiorização da elite dirigente em virtude da esterilidade dos mais aptos, e a relativa pequenez das famílias que melhor poderiam contribuir para a elevação da raça; uma patológica concentração de riqueza que determine guerra de classes, revoluções e exaustão financeira: eis alguns dos caminhos que levam as civilizações à morte. Pelo fato de não ser a civilização nenhuma coisa ingênita e imperecível, mas algo que tem de ser de novo adquirido em cada geração, qualquer colapso no seu custeio ou na sua transmissão pode levá-la ao fim. O homem difere dos animais unicamente pela educação, a qual podemos definir como a técnica de transmitir a civilização.

As civilizações são gerações da alma racial. Como a família e a escrita ligam as gerações e passam a herança dos velhos para os moços, assim também a imprensa, o comércio e os meios de comunicação ligam as civilizações entre si, e preservam para as culturas vindouras todos os valores adquiridos. Antes que a morte sobrevenha, reunamos a nossa herança e ofereçamo-la aos nossos filhos.

A História da CivilizaçãoPrimeira Parte, Tomo I, Capítulo I, As condições da civilização. Edição da Companhia Editora Nacional


Cada um de nós invidualmente, pode fazer a sua parte, libertando-se de cadeias e cadeias de traumas emocionais, crenças e superstições arcaicas. etc. que foram acumulados ao longo de milhares de anos de história.

O leitor libertando-se desses elos e ajudando a sua família a libertar-se, terá dado uma grande contribuição para a transformação necessária, para que a nossa civilização perdure pelos milênios vindouros. 

Assim poderá desenvolver-se uma sociedade evoluída, não só materialmente,mas também mental, emocional e espiritualmente onde os seus cidadãos possam viver até idades avançadas (cem, cento e vinte, cento e cinqüenta anos ou mais), de forma saudável, estabelecendo relacionamentos equilibrados, e realizando-se nas suas atividades profissionais.

sábado, 24 de março de 2012

O chakra sacral ou chakra laranja


O chakra sacral também conhecido como chakra laranja fica localizado poucos centímetros abaixo do umbigo. Este chakra, em sânscrito denominado de Svadhistana  vibra, quando equilibrado, numa freqüência que os nossos olhos vêem como cor laranja.

Também é denominado por chakra umbilical ou Hara.

O elemento água encontra-se associado a este chakra. Através do relacionamento que o individuo tem com a água podemos perceber a qualidade do relacionamento que ele tem com as outras partes da consciência associadas a este chakra.

Este é o chakra que nos pode dar grande poder pessoal  quando se encontra bem harmonizado.

Além do apetite, o sentido físico associado a este chakra é o paladar.

A língua como órgão do paladar está conectada com o chakra laranja bem como todo o sistema reprodutor, os órgãos sexuais, o plexo lombar e as partes e funções por ele controladas, as partes que se encontram na região abdominal e a glândula endócrina gônada, composta pelos testículos e ovários.

As gônadas são necessárias, sobretudo para a preservação da espécie sendo o seu papel ao nível do individuo, de menor importância.

Os testículos produzem a testosterona além de outros hormônios, enquanto os ovários produzem o estrogênio e a progesterona.

As gônadas vão motivar o jovem adolescente a procurar o seu parceiro (a). O tipo de casamento que este vier a realizar irá impedir ou contribuir para o desenvolvimento da sua alma.

Aqueles que tem as gônadas muito ativas, tem um impulso sexual exagerado, que os pode levar a uma  atração particular e excessiva por ligações materiais passageiras, podendo ficar aprisionados na busca limitada de sensações físicas. 

Gônadas  muito ativas podem ainda representar vontade forte, dominação, impulsividade e possessividade.

Quem tem as gônadas pouco ativas sente normalmente alguma indefinição em relação ao papel do sexo na sua vida ou mesmo no sexo predominante na sua personalidade.

Pouco ativas as gônadas representam também a timidez, infantilidade, frieza e apatia.

O segundo chakra está associado aos aspetos da consciência relacionados com a sexualidade e a alimentação, além da reprodução. Está também associado ao principio do prazer o que significa que sempre atraímos aquilo que nos dá prazer, no campo da alimentação e da sexualidade.

O sexo consciente e bem orientado é uma fonte permanente de energia da melhor qualidade. 
Essa energia pode ser aproveitada e transmutada de forma a que a alma possa aproximar-se da sua perfeição ideal. Uma boa abordagem sexual junto com o parceiro leva à criatividade, alegria, sinceridade, ao prazer e a fantasias sexuais positivas.

O aspecto negativo do sexo é transformá-lo em algo inferior, quando pode contribuir para o desenvolvimento da alma. Neste caso essa abordagem negativa  pode manifestar-se como sensualidade, sedução, manipulação do parceiro, insegurança, indiferença e fantasias sexuais negativas.  

Embora represente o impulso inicial de ascensão espiritual, este chakra tem características mais físicas que espirituais.

Os três primeiros chakras assim são, mais materiais do que espirituais. e formam um conjunto de forças regeneradoras do plano físico. Se estes centros estiverem em harmonia o fluxo de energia que mantém a saúde irá permanecer ativo. O segundo chakra por se encontrar no meio dos outros dois desempenha uma função de equilibrar e distribuir a energia “material” que recebe do primeiro chakra e a “espiritual”, que recebe do terceiro .

Entre as características principais do segundo chakra encontram-se também o maternalismo, a manipulação (no seu estado desequilibrado)e a sensibilidade emocional. Espiritualmente, a sensibilidade mediúnica ou mediunidade instintiva, o dom de invocar e a facilidade de compreensão das mensagens do inconsciente.

Muitos dos fluidos negativos da infância ficam acumulados nesta parte do campo energético. É também por onde saem os venenos dos corpos material (através de muco) e espiritual (através dos sonhos). 

Este, como qualquer outro chakra, pode encontrar-se num estado  acelerado, desacelerado ou bloqueado.

A falta de socialização, a insegurança, a pouca água no organismo e a negação do prazer são indicadores de um segundo chakra desacelerado.

Muita competição, sedução, manipulação e um magnetismo exagerado são sinônimos de um chakra acelerado.

Os bloqueios  são causados por pouca flexibilidade, histeria, sufoco de emoções, traumas ou repressão na infância e sexo mal direcionado.

As alterações físicas mais comuns quando o chakra permanece perturbado por longos períodos de tempo são a candidíase, a diverticulite, a colite, a apendicite, desordens na excreção, problemas nos ovários e na próstata ou ainda problemas de fertilidade.

Algumas das experiência que contribuem para a expansão do segundo chakra são a visita a um berçário, tomar banho de rio ou mar num dia de lua cheia e a rega de plantas num dia seco.

O magnetismo é uma propriedade fundamental relacionada com o chakra laranja. Ele é responsável pelo tipo de atração que exercemos sobre as outras pessoas. As pessoas com quem convivemos foram, de alguma maneira, atraídas por nós para a nossa vida.

Se está num relacionamento que não o (a) satisfaz, chegou a hora de parar de se lamentar, a responsabilidade é sua...harmonize esse chakra e melhore a relação!

Um casal feliz resulta sempre de um bom magnetismo de ambos os parceiros!

Obviamente que mudar de vibração não é assim tão simples, mas com o Descondicionamento é possível!.

Se estiver num relacionamento insatisfatório o que está disposto a fazer para mudar a vibração?

Também é um magnetismo desajustado que atrai o ladrão ou o assassino para a vitima.

Nada acontece por acaso, embora nós possamos a nível consciente desconhecer,  os motivos de certas experiências “desagradáveis” que ocorreram ou estão a ocorrer na nossa vida.

De acordo com o realismo dependente do modelo a física  quântica mostra-nos que a perspectiva que habitualmente temos sobre a ”injustiça”  é  verdadeira, embora não seja a única. Essa perspectiva de vitimas e perpetradores, não explica e, sobretudo não resolve de forma adequada, satisfazendo todas as partes envolvidas, a maior parte das situações “más” que acontecem na vida.

Muitas outras coisas poderiam ser ditas acerca deste chakra, como por exemplo a sua relação com o dinheiro ou com as magias negras,mas ficarão para uma futura matéria.

É importante realçar por fim, que o chakra laranja não é o responsável pelas percepções do amor. Estas estão relacionadas com o quarto chakra, o verde.



terça-feira, 13 de março de 2012

Questões freqüentes sobre a terapia


Por ser uma terapia quântica e por ser diferente da maioria das terapias conhecidas do grande público ela é susceptível de causar dúvidas e questionamentos.

Decidi escrever algumas palavras, com o intuito de esclarecer melhor os aspectos que possam ser de mais difícil compreensão, sobretudo para aqueles que por qualquer motivo se interessam, ficam com dúvidas, mas ainda não foram capazes de escrever-me.

Já utilizei vários nomes para designar esta terapia sem nunca ter ficado satisfeito com eles, principalmente porque a maioria faz uma colagem com outras abordagens já existentes.   

Poderia dizer que esta terapia se enquadra perfeitamente dentro da moderna medicina quântica.

Um aspecto vital e decisivo para poder obter êxito com esta tecnologia é a necessidade de disponibilizar algum tempo diário para a sua prática. Por isso muitas pessoas preferem outras terapias.

Não tenho tempo...,  chego sempre a casa tão cansado do trabalho que..., tenho que cuidar dos filhos, etc.  e agora ainda mais uma hora para fazer terapia.... Estes são alguns dos principais argumentos utilizados para justificar o desinteresse pela terapia.

Algumas pessoas que, em suas vidas, dão prioridade à terapia, quando são confrontados com a necessidade de ficar sentadas, com os olhos fechados repetindo mecanicamente algumas frases, desanimam porque ficam com sono, não conseguem concentrar-se, não entendem como é que através da repetição de frases vão resolver alguma coisa, nalguns casos as frases são contraditórias (não conseguir entrar, não conseguir sair), não sentem nada durante a sessão, sentem muita coisa e ficam apavorados, precisam ficar incomunicáveis durante as sessões (e se alguém me telefona?), se esquecem das frases, tem que repetir frases mecanicamente, não querem lembrar certos acontecimentos, se questionam acerca de falar o nome seguido de recorda?... etc.

Passo a analisar mais em detalhe algumas destas objeções mais freqüentes. 
  • Embora se possa fazer a terapia com os olhos abertos enquanto se caminha, é recomendável  reservar um período de tempo diário para se dedicar exclusivamente a esse fim  (às vezes surgem manifestações desagradáveis que se a pessoa estiver a caminhar ou a fazer outra coisa, podem ser mais difíceis de gerir). A situação ideal é ficar sentado durante o período de tempo recomendado, com os olhos fechados, repetindo as frases (tal como se estivesse no cinema,projetando o filme da sua própria vida)
  •  O sono pode surgir como uma forma de descarga proveniente do “inconsciente”, de tensões acumuladas, etc. e pode ainda surgir como resultado de um choque entre o tradicional estado agitado Beta em que a mente se encontra e o estado Alfa para onde se está a dirigir através da prática. A pessoa simplesmente não está habituada a viver naquele registro mental e capota. Então pensa que está a fazer errado, que a terapia não está a funcionar, ou que não é para ela.
  • Algumas pessoas dizem que repetem uma frase e depois começam a pensar noutra coisa, não conseguindo ficar concentradas – nesta terapia não é necessário concentrar-se! Apenas repetir as frases naturalmente. Quando a mente se desvia da frase, a única coisa a fazer é voltar a repetir a frase, assim que se aperceber que se desviou do processo.
  • Através desta tecnologia vamos utilizar a nossa mente quântica para acessar conteúdos ditos”inconscientes” e liberar cargas, desfazendo ligações, etc. devolvendo ao indivíduo um estado de consciência desperto. As frases contém sempre a palavra recorda ou lembra como forma de direcionar a atenção para o interior.
  • As frases são contraditórias nalguns casos porque representam pontos de vista que podem ter sido geradores de tensão no passado. Como não sabemos quais os que predominam em cada caso específico, em cada momento, temos que rastrear todas as possibilidades. Daí a necessidade de repetir frases “contraditórias” ou complementares.
  • Não sentir nada durante as sessões não invalida a obtenção de resultados. O fato de não se estar a sentir nada, não quer dizer que não esteja a acontecer alguma coisa. Tecnicamente o que interessa é a obtenção do resultado pretendido, embora obviamente esta terapia seja mais real para aqueles que sentem e vêem coisas durante as sessões.  Mesmo até para aferir a evolução das sessões. Cada um tem o seu método próprio de processamento de informações, não havendo melhor nem pior. Algumas pessoas são mais emotivas, outras intelectuais e outras ainda, instintivos.
  • Ás vezes quem sente “demasiado”, pode ficar apavorado e inseguro sobre  continuar a terapia. Quando as regras da sessão são respeitadas dificilmente alguém fica vivenciando sintomas adversos após as sessões.  A regra é que tudo o que surge durante as sessões, desaparecerá durante essas mesmas sessões. Quando um sintoma surge, por muito desagradável que seja, a regra é sempre continuar, passando através do mesmo. Em casos excepcionais as sessões poderão durar muito mais tempo do que o inicialmente previsto.
  • Durante todo o período da sessão é importante ficar sem ser interrompido por nada nem ninguém. É uma questão de respeito para consigo mesmo (o mundo lá fora não vai acabar!). Imagine que está no dentista no meio de uma cirurgia e o celular toca, o que vai fazer? O mesmo se passa nas sessões, imagine que está no meio de algo muito importante, com sintomas desagradáveis e vai atender o celular para a sua filha lhe dizer que vai sair agora para ir tomar um café... Se estiver à espera de alguma comunicação verdadeiramente importante (o que não sucede todos os dias...) é melhor não fazer a sessão naquele momento...
  •  Abrir os olhos para ler as frases não impede de ter resultados. Ao fim de alguns dias vai conhecer as frases de memória...
  • Duas coisas repetitivas, acontecem na nossa vida, sem as quais não viveríamos, a respiração e a batida cardíaca. Outros exemplos poderiam ser citados. A maioria das pessoas que alcançam algum tipo de sucesso em suas vidas, tem algumas rotinas diárias. Assim a repetição é algo natural!.
  • Porquê lembrar coisas ruins? Se quando recorda um evento sente algo desagradável é porque essa memória permanece guardada!  Se está guardada e não for limpa, o que irá acontecer? Continuará dentro de você! E se continuar o que irá acontecer? O mesmo que aconteceria no banheiro se não esvaziasse o vaso cada vez que o utiliza. Como seria não deitar água no vaso durante anos?
  • Fala-se o nome, seguido de recorda, porque no momento que estamos sós a fazer a terapia temos que fazer de terapeuta e de paciente, alternando os papéis. Assim quando fazemos de terapeuta, dizemos: (nome) recorda...
Espero poder ter ajudado a esclarecer algumas das principais dúvidas básicas desta maravilhosa tecnologia quântica.

Para qualquer esclarecimento adicional contate:

http://www.descondicionamento.com/contato/

quinta-feira, 8 de março de 2012

Fazer a Ponte (a)


Uma escola sem muros 

«É a natureza do trabalho escolar que deve determinar a estrutura dos edifícios (...) A nossa escola será uma ‘oficina de trabalho’ integrada na vida do meio. Este destino específico necessita de uma estrutura nova». (Freinet)

A Escola da Ponte é uma escola de área aberta construída por vontade dos professores, onde não foram erguidos muros nos lugares em que os arquitectos derrubaram as paredes. A arquitectura também desempenha um importante papel na concretização dos objectivos do projecto. A disposição espacial ampla encontra a sua maior expressão num conceito de escola aberta que se revê como uma oficina de trabalho, parafraseando Freinet, ou escola laboratorial, recorrendo a Dewey. É um edifício-escola que permite o desenvolvimento de uma pedagogia orientada para uma praxis social de integração do meio na escola e da escola na vida, aliando o saber ao saber fazer. Nesta escola não há salas de aula e não há aulas. Um espaço pode, no princípio de um dia de trabalho, acolher o trabalho de grupo, pode servir a expressão dramática, a meio da manhã, e pode receber, no fim do dia, as crianças que vão participar no debate. Num mesmo dia, o polivalente pode ser um espaço de cantina, de assembleia, de expressão dramática, de educação físico-motora... A distribuição das crianças por espaços específicos apenas acontece em situação de iniciação e de transição, como a seguir se explica.

As crianças da iniciação dispõem de um espaço próprio, onde aprendem a ler, a escrever e a ser gente. Porém, os mais novos não permanecem continuamente neste espaço, partilham outros, nomeadamente, nas áreas de expressão. As crianças da iniciação lêem e produzem escrita desde o primeiro dia de escola. Quando a primeira frase surge, é trabalhada em letras maiúsculas de computador. Há, sobretudo, dois tipos de texto: o ―texto inventado‖ (que é quase o equivalente do chamado ―texto livre‖) e o que resulta da procura, selecção e tratamento de informação, e que é exposto nos murais.

O que distingue a iniciação dos restantes níveis é, sobretudo, o modo como se faz a planificação e uma maior intervenção dos professores. Quando uma criança acede a um grau de autonomia que lhe permita a socialização em pequeno grupo, participa de pequenos jogos assistidos por colegas voluntários sem, contudo, sair do espaço da iniciação. A saída deste nível verifica-se quando a criança revela competências de auto-planificação e avaliação, de pesquisa, e de trabalho em pequeno e grande grupo. Aos primeiros planos, elaborados pelos professores, sucedem-se esboços de planificação que cada aluno vai aperfeiçoando, até atingir a capacidade de prever uma gestão equilibrada dos tempos e dos espaços de aprendizagem. A transição — onde algumas crianças permanecem apenas o tempo necessário para reconstruírem os seus itinerários de aprendizagem — também dispõe de um recanto para que as crianças se possam reencontrar consigo e com os outros. Todos os anos, chegam à Ponte várias crianças vindas de outras escolas. Vêm acompanhadas de relatórios elaborados por psicólogos, médicos, pedopsiquiatras... Estas crianças precisam de tempo e de um tipo de atenção que lhes facultem a recuperação da auto-estima e uma integração plena na comunidade que as acolhe. Os grupos de desenvolvimento circulam em total liberdade pelos diversos espaços da escola e convivem segundo uma estrutura familiar, sem separação em classes ou anos de escolaridade, o que, pela aproximação a um contexto de cariz mais afectivo, mais condicente com a vida em família, embora exequível no contexto institucional, minimiza os efeitos da transição para a vida escolar e oferece as condições de estabilidade para um crescimento equilibrado.

O espaço e o tempo de aprender
«Organizamos minuciosamente a vida da escola para que desta organização decorram naturalmente o equilíbrio e a harmonia» (Freinet)

O derrubar das paredes libertou alunos e professores da rigidez dos espaços tradicionais e acompanhou o derrube de outros muros. Em conjunto com as alterações arquitectónicas atrás referidas, outras opções organizacionais marcaram a ruptura com o modelo tradicional de organização da escola, que considerávamos não respeitar as individualidades e não favorecer o sucesso de todos.
Referimo-nos à organização do tempo e, concretamente, à opção pelo modelo de dia escolar integral (ausência de turnos) que evita fracturas na organização do trabalho, porque não há necessidade de partilhar o espaço com grupos diferentes e lógicas de funcionamento também diferentes. O dia escolar integral facilita a adopção de processos de organização e gestão participada do tempo e do espaço e a sua apropriação por parte da população escolar.

Referimo-nos, também, à ausência de muros na atribuição do espaço aos alunos: ressalvados os já referidos casos específicos da iniciação e da transição, todo o espaço está ao dispor de todos os alunos, ao longo de todo o tempo de funcionamento da escola, sem consideração de classe e sem consideração de anos de escolaridade. Esta opção permite uma mobilização integrada das estruturas curriculares e paracurriculares, de acompanhamento e de socialização, estimula a participaçäo na experiência pedagógica quotidiana e permite colocar igual ênfase na aprendizagem dos processos como na dos conteúdos, enquanto estratégia de aprender a aprender. Referimo-nos, ainda, ao progresso dos alunos em que também se aboliu ou se atenuou os efeitos do mecanismo de aprovação/reprovação, por não se lhe encontrar o sentido numa escola em que se procura que tudo se conjugue para proporcionar uma programação flexível adequada ao progresso dos alunos ao longo do ciclo de estudos e, desde logo, uma perfeita correspondência entre progressão e progresso. Esta excepcional abertura das condições de organização do trabalho escolar poderia ser geradora do caos e permitiria acolher qualquer tipo de projecto. 

No caso desta escola, a criação de tais condições tinha, precisamente, em vista eliminar os escolhos que a organização tradicional impõe ao desenvolvimento de um projecto singular de educação, em que se procura estabelecer a coerência entre as vertentes cultural, socializadora e personalizadora da educação. É que, se a própria promoção do sucesso académico pode, por si só, igualmente constituir factor gerador de estabilidade emocional e de integração social, a atenção que se preconiza para as duas últimas vertentes implica, desde logo, que o acto educativo se direccione sobre elas mesmas e que a própria organização e vivência se constituam em factor de aprendizagem. A vivência na comunidade escolar tem um carácter formativo, veiculador de valores sociais e de normas por todos assumidas e elaboradas com a participação de todos. Na Ponte, vive-se, cultiva-se, respira-se a delicadeza no trato, suavidade na voz, a afabilidade para com o colega, a disponibilidade, a atenção ao outro, a capacidade de expor e de se expor. A interajuda permanente acontece em todo o sistema de relações, a partir do exemplo dado pelo trabalho em equipa dos professores. 

Texto reproduzido com permissão do seu autor, o Educador e Prof. José Pacheco.