segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Elementos morais da civilização (4)

Se definirmos religião como o culto de forças sobrenaturais, temos de observar, de saída, que alguns povos nunca a tiveram. Não há sinal de religião entre as tribos dos pigmeus africanos; enterravam seus mortos sem nenhuma cerimônia e não lhes davam mais atenção; nem tinham qualquer superstição, a crermos nos viajantes que os descrevem. Os anéis dos Camarões só reconheciam deidades malevolentes, nada fazendo para aplacá-las, por ser inútil. Os vedas do Ceilão apenas admitiam a possibilidade de deuses e almas imortais; não lhes ofereciam sacrifícios nem orações. Perguntados sobre Deus, respondiam como os filósofos modernos: “Está ele nas rochas? Num cupim? Numa árvore? Nós nunca vimos um deus!” Os índios norte-americanos concebiam um deus, mas não o adoravam; como Epicuro, consideravam-no muito remoto para preocupar-se com os negócios da Terra. Um índio abipão rebateu uma metafísica à moda de Confúcio: “Nossos avós e bisavós estavam acostumados a ver apenas a terra, sempre solícitos em verificar se os campos tinham bons pastos e boa água para os cavalos. Nunca se preocuparam com o que pode acontecer nos céus, ou quem era o criador e o governador das estrelas”. Os esquimós, se perguntados sobre quem fizera o mundo, respondiam: “Não sabemos”. A esta pergunta: “Quando vê você o sol erguer-se ou pôr-se, e as árvores crescerem, não pensa em quem os fez?” um zulu respondeu com simplicidade: “Não, nós vemos isso, mas não podemos dizer nada a respeito; achamos que apareceram por si mesmos”.

Tais casos são excepcionais, e a velha crença de que a religião é universal parece-nos substancialmente certa. Para o filósofo constitui um fato importante da história e da psicologia; fascina-o a antiguidade e a persistência da fé. Quais as fontes dessa indestrutível piedade do homem?
Desde que todas as coisas têm alma ou encerram em si deuses ocultos, os objetos de adoração não tem fim. Caem em seis classes: celestes, terrestres, sexuais, animais, humanos e divinos. Não podemos saber qual foi o primeiro. Um dos primeiros foi certamente a Lua. Assim como o nosso folclore fala do “homem na Lua“, assim também as primitivas lendas concebiam a Lua como um valente macho que seduzia as mulheres, fazendo-as menstruar. Foi a deidade favorita das mulheres, que a adoravam como uma protetora. Também era uma medida de tempo; à Lua cabia o governo da chuva e da neve; até os sapos coaxavam para a Lua, pedindo chuva.

Não podemos saber quando o Sol substituiu a Lua na adoração dos homens. Talvez quando a agricultura substituiu a caça e o transito do Sol determinava as estações de semear e colher.;o calor foi reconhecido como benção para o solo. A Terra tornou-se deusa fertilizada pelos raios do sol e o homem passou a adorar o grande astro como o pai de todas as coisas vivas. Destes simples começos passou o culto do Sol para as fés pagãs da antiguidade; muitos deuses foram apenas a personificação do Sol. Atenas exilou Anaxágoras por atrever-se a dizer que o Sol não era um deus e sim uma bola de fogo mais ou menos do tamanho do Peloponeso. A Idade Média conservou uma relíquia do culto do Sol na auréola dos santos, e nos nossos dias o imperador do Japão é considerado pelos seus súbditos como a encarnação do deus Sol. Quer dizer que essa superstição, a mais velha da todas, ainda subsiste. A civilização é coisa duma pequena minoria; a grande massa humana dificilmente muda, por mais séculos que passem.

Como o Sol e a Lua, cada estrela continha, ou era, um deus, e movia-se sob o comando do espírito que a habitava. Sob o cristianismo esses  espíritos se tornaram anjos, piloto das estrelas, por assim dizer. O próprio céu era um grande deus, adorado com devoção como o proporcionador da chuva. Entre muitos povos primitivos a palavra correspondente a “deus” era “céu”; entre os lubaris e os dincas, deus significava chuva. Para os mongóis, o supremo deus era Tengri – céu; na China, Ti – o céu; na Índia védica, Dyaus pitar – o “pai do céu”; na Grécia, Zeus – o céu; na Pérsia, Ahura – o “céu azul”; e entre nós mesmos ainda é comum o apelo para “Os Céus”. O ponto central da maior parte das mitologias antigas estava no fecundo casamento do céu com a Terra.

Porque a Terra também era deus, com cada um dos seus aspectos presidido por alguma deidade. As árvores tinham almas como os homens; sendo crime cortá-las; os índios americanos atribuíam as suas derrotas ao fato de terem os brancos derrubado as árvores protetoras do Homem Vermelho. Nas Molucas as árvores em flor eram tratadas como mulheres grávidas; não permitiam que barulho nenhum,nem fogo,ou o que fosse, lhes perturbasse a quietude; e, como as mulheres, também  podiam abortar – derrubar as frutas antes do tempo. Em Amboyna nenhum rumor era admitido perto do arroz cacheado – para que não abortassem em palha. Os antigos gauleses adoravam as árvores de certas florestas sagradas; e os sacerdotes druidas da Inglaterra reverenciavam o viscum pendente dos carvalhos – o mesmo que ainda figura em nosso Natal. A veneração das árvores, fontes, rios e montanhas constitui a mais velha religião que podemos rastrear na Ásia. Muitas montanhas eram lugares sagrados, sede dos deuses tonantes. Os terremotos não passavam de sacudidelas de ombros dos deuses irados; os fijianos atribuíam-nos a movimentos dos deuses no sono; e os samoanos, quando o solo tremia, agarravam-se ao chão e imploravam ao deus Mafuie que se aquietasse, que não destruísse o planeta. Quase por toda a parte era a Terra a Grande Mãe; nossa linguagem, que não passa do precipitado de primitivas e inconscientes fés, sugere ainda o parentesco entre matéria e mater – mãe. Isthar e Cibele, Demeter e Ceres,Afrodite, Vénus e Freia – são comparativamente modernas formas da antiga deusa Terra, cuja fertilidade constituía benção dos campos; o nascimento e o casamento, a morte e ressurreição triunfante dessas deusas eram símbolos,ou causas do brotar, do murchar e secar, e do primaveril retorno da vegetação. Tais deidades revelam pelo seu sexo a primitiva associação da agricultura com a mulher. Quando a agricultura se tornou dominante na vida da humanidade, as deusas da vegetação reinaram supremas. A maior parte dos primitivos deuses eram femininos; talvez fossem substituídos pelos deuses masculinos quando o patriarcalismo da família começou a dominar.

Extraído de História da Civilização - Primeira parte, Tomo 1 por Will Durant

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

As dependências

Quase todos os seres humanos se encontram dependentes de algo, quanto mais não seja, de um corpo para poder habitar este planeta...

Comumente falamos de dependências do álcool, das drogas, do sexo, da TV, da internet, dos medicamentos, etc. Muitas vezes esquecemo-nos da dependência de pessoas (normalmente dependência emocional) e de comida, sendo a maioria de nós viciados em ambos, não fossem essas as nossas primeiras experiências enquanto seres vivos habitando o corpo de nossas mães e sendo alimentados por ela.

A questão é que estamos tão habituados, tão dependentes que nem nos apercebemos disso, de tão natural que é!

Quando algumas escolas de pensamento, filosofias, etc. falam do desapego, incluem também, na maior parte das vezes de forma implícita, estas duas dependências. 

Talvez sejam das mais difíceis de liberar por nem as considerarmos como tal.

Estes dois aspectos da nossa vida são responsáveis por grande parte dos nossos problemas nos dias de hoje.

Em geral comemos em excesso e mal. Quantidade não é sinônimo de qualidade. A qualidade dos alimentos que ingerimos também deixa muito a desejar. Normalmente desconhecemos a fonte desses alimentos, confiando totalmente nela, deixando assim uma parte importante da nossa saúde entregue em suas mãos.

Quantos de nós fazemos uma desintoxicação, de tempos a tempos, pelo menos para atenuar os efeitos nocivos de alguns agrotóxicos?

Já no que diz respeito à dependência de outros, devido à nossa natureza humana, somos desde cedo e por um período bem grande, dependentes de terceiros, nomeadamente dos progenitores ou cuidadores.

Ao longo da vida dificilmente nos libertamos dessa dependência. A maioria de nós nasce e morre e nem se apercebe dessa dependência ou, se se apercebe, não sabe o que fazer para se libertar dela, normalmente acumulando mais e mais dependências.  Muitas vezes saindo da dependência dos pais para a dependência do marido ou da esposa, etc. Essa dependência é também, tão natural, que nem desconfiamos dela.

Obviamente que, na sociedade em que vivemos, iremos sempre ter necessidade de nos alimentar e de ter alguém com quem comunicar. Porém, o importante é não ficar dependente e apegado a ambas as situações.

Há pessoas que, se depois de acordarem não tomarem um café antes de saírem casa, ficam o resto do dia perturbadas. Que mal vem ao mundo se não se beber um café logo pela manhã? Para muitas pessoas é o suficiente para passarem um dia mal humoradas, ou sem energia, etc. Como é possível chegar a um ponto destes? Há pais que, durante anos, não conseguem passar um dia sem falar com os filhos, ou vice-versa, mesmo depois destes terem saído de suas casas. E dizem que é por amor...

Porém, o principal foco social vai para as outras dependências, essas sim são importantes, dizem alguns...

De fato são importantes embora, não mais do que as outras, apesar de toda a discriminação que sofrem pela mídia.

Uma dependência de algo, observada de forma simplista e exagerada, é um estado em que alguém ou algo “não consegue viver” sem o objeto do qual depende. Pode ser uma dependência física, química, emocional, mental ou até mesmo espiritual.

No caso do álcool e das drogas, para se poder garantir a cura da pessoa em questão, é muitas vezes necessário fazer uma terapia de cura da família, em paralelo com a do objeto da dependência. A menos que a relação com os pais seja resolvida e o equilíbrio emocional restabelecido, dificilmente poderemos falar num resultado efetivo. Existem com certeza sempre, algumas exceções.

Se a pessoa dependente já tiver constituído família é também necessário harmonizar a relação com o (a) parceiro (a) e filhos, se for o caso.

Muitas vezes ao fazer a anamnese já se constata que existe um histórico familiar da dependência na família de um dos progenitores, pelo que é necessário desconectar dessa linha ascendente. Desconectar, neste caso não tem nada a ver com separação, significa apenas viver em harmonia com essa ascendência, embora não sendo afetado por ela. 

Mesmo não existindo esse histórico familiar, através da prática consistente da Psicoterapia Integral, tem-se constatado ser esse aspecto da desconexão familiar, de importância fundamental para a resolução e estabilização de todos os casos de dependência.

Como exemplo, de maneira bem generalista, num caso de dependência de tabaco, para podermos garantir uma resolução efetiva e estável da mesma através deste modelo terapêutico do Descondicionamento, é indispensável descondicionar:
  • O ato de fumar
  • O fumo
  • A nicotina
  • O cheiro do tabaco
  • O sabor do tabaco
  • A imagem
  • As eventuais influências de amigos, ídolos, etc.
  • Os relacionamentos opressores a montante (pais ou cuidadores)
  • Os eventuais relacionamentos atuais (esposa, marido e etc)
  • A região do peito, coração, pulmões, timo, no que diz respeito a relacionamentos e a não sentir amado
  • Algum aspecto específico em particular
A minha experiência com fumadores tem-me mostrado casos em que, pessoas ao fim de meia dúzia de sessões reduzem para metade o consumo do tabaco. Mesmo os casos mais resistentes, ao fim de poucas semanas alcançam o primeiro nível da cura: Deixam de fumar ou fumam esporadicamente um ou outro cigarro, por prazer apenas!

A resolução de qualquer dependência não passa necessariamente, em todos os casos, pelo abandono total do objeto da mesma. Passa, isso sim, pelo domínio desse objeto.

Porém, a maioria abandona o tabaco. Uma minoria fuma de vez em quando um cigarro, sem qualquer problema. Alguns desinteressam-se de continuar o processo até ao fim, por achar que já é suficiente  o que alcançaram, sem querer resolver as questões que os levaram a fumar. Daí podem vir a resultar outras questões no futuro das quais ficam cientes e responsáveis através dos esclarecimentos que lhe são dados.

Finalmente convém recordar que existem ainda muitas outras dependências, como a do reconhecimento por terceiros, do açúcar, do dinheiro, etc.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Breve ensaio sobre os relacionamentos

Os relacionamentos são hoje possivelmente uma das melhores ferramentas disponíveis para o autoconhecimento.

Antigamente alguns mestres iam para o topo das montanhas, ou para o deserto viver sozinhos em busca da iluminação ou, no mínimo de níveis mais elevados de consciência.

Nos dias de hoje podemos alcançar esses níveis através de um relacionamento.

Neste pequeno texto irei referir-me mais aos relacionamentos amorosos, quer sejam conjugais, viver junto ou simples namoro.

Muitos relacionamentos começam ainda bem cedo na vida de ambos os intervenientes. Nalguns casos ainda na adolescência. Noutros casos começam na meia idade depois de já ter tido algumas outras experiência, ou até mesmo casamentos.

O denominador comum de todos os relacionamentos é a partilha da vida a dois, constituir família e ter filhos nalguns casos, noutros apenas o convívio diário com troca de conhecimentos, experiências, realização de sonhos em comum, etc.

Pressupõe-se a existência de amor em todas as relações. Esse amor teoricamente é incondicional.

É comum ouvir-se dizer que fulano ou fulana me faz feliz, que aquele casal é muito feliz porque estão sempre juntos, fazem tudo juntos, etc., que o marido é maravilhoso porque faz tudo em casa, etc..

Uma grande parte das pessoas sai de casa dos pais para constituir uma vida a dois, após algum tempo de namoro.

A tendência que existe quando se conhece alguém, é para reparar em todas as qualidades do parceiro, subestimando, negando, ou recusando a ver, por amor, alguns “defeitos” do outro.

À medida que os relacionamentos evoluem no tempo, há em muitos deles a tendência para começar a “piorar”. Quando atingem este ponto, há três possibilidades, acabar, continuar a piorar ou melhorar.

Acabar um relacionamento não vai resolver a vida de ambos, embora pareça no momento. Cada um sai fragilizado, muitas vezes um “cheio de razão” e o outro como vítima e noutras vezes cada um com as suas razões. Em ambos os casos ninguém sai feliz!

Muitas vezes decidem não se envolver com mais ninguém ou, procuram outro relacionamento para esquecer aquele.

Porém não adianta esconder o sol com a peneira. Apenas uma verdadeira transformação pessoal a partir de nós mesmos pode melhorar um relacionamento. Acabar, apenas adia a resolução da vida de cada parceiro, às vezes para sempre, apesar da aparente sensação momentânea de alívio.  O ser humano, sobretudo na nossa cultura, tem necessidade de culpar sempre alguém pelos seus males.

Importante observar, após o trabalho com a Psicoterapia Integral ao longo dos últimos anos, que a cobrança que é feita a maridos e esposas é na verdade uma cobrança a alguém que, fez parte da nossa vida normalmente bem cedo na infância e que, na maioria das vezes é nosso pai ou nossa mãe. Pode noutros casos ser a reprodução de um padrão vivenciado em casa. O pai cobrava da mãe, eu cobro da esposa ou sou cobrada pelo marido. Estes são apenas pequenos exemplos de um tema bem vasto.

No limite, um relacionamento só deveria terminar quando está bem...! Então porque terminar? Porque acabou o que os unia antes, um amor condicional. Como diz Brian Weiss só o amor é real. Eu diria só o amor incondicional é real! Toda a entropia que antes havia na relação e que aparentava unir os dois, foi resolvida e removida e, no final verificou-se que o que os unia não era real.

A segunda opção, de continuar a piorar acontece por diversos motivos, sobretudo por resistência a mudança (ego grande), crença em certas estratégias como, por exemplo, a crença de que a conversa vai resolver a situação. Aí um diz que o outro prometeu que ia mudar e não mudou ou que só mudou por uns dias, etc. conversa de egos!!! Se conversar resolvesse este tipo de situações a maioria dos divórcios seriam evitados. Conversar serve para desabafar e aliviar momentaneamente. Conversar até pode funcionar, mas desde que cada um se comprometa em se conhecer melhor e assumir a sua parte de responsabilidade na relação. Outro aspecto são os dogmas, tabus etc. de cada um que estão, de alguma maneira incluídos na resistência à mudança. 

E ainda a falta de opções válidas e efetivas que ajudem verdadeiramente o casal a ter uma compreensão do que é uma relação a dois, da responsabilidade de cada um e a falta de ferramentas que funcionem para que os obstáculos possam ser removidos respeitando a liberdade de cada um e tragam ao mesmo tempo uma nova visão (não imposta por terceiros) da relação.

Muitas vezes os casais até procuram ajuda, porém a maioria não funciona.

A terceira e última opção será melhorar. O desejo da maioria para não dizer de todos, pelo menos no início dos conflitos.

E aqui é preciso dizer o que é melhorar. Melhorar não significa necessariamente um submeter-se ao outro para salvar o casamento, o que acontece muitas das vezes. Melhorar significa cada um caminhar mais ao encontro de si mesmo, daquilo que é, através das experiências “negativas” que está a ter, em vez de alimentar mais o seu ego com justificações contra o outro e assim se autovitimizar. A resolução de qualquer dificuldade na relação passa por uma maior tomada de consciência de cada um e pela compaixão e respeito pelo momento do outro.

Nada acontece por acaso, também nos relacionamentos. Dificuldades num relacionamento são reflexos de dificuldades em relacionamentos anteriores e por conseqüência não se podem resolver num passe de mágica.  São dois seres, cada um com uma história pessoal diferente do outro. Por este motivo muitos casais optam pela separação. Dá algum trabalho admitir as responsabilidades e fazer o caminho do autoconhecimento!

Com o Descondicionamento é possível resolver a maior parte dos problemas dos casais apenas através de um dos parceiros que queira comprometer-se a tal, ou seja, não é necessária a presença de ambos para trabalhar a relação embora, se tal acontecer, possa facilitar e acelerar o processo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Conhecendo os chakras (1)

Todos nós conhecemos as auras projetadas pelos santos, através das imagens que vemos nas igrejas ou, das suas representações em obras de arte de cunho religioso. Nas imagens que nos são apresentadas, as auras são normalmente de cor amarela, a cor da luz do sol, embora as auras possam manifestar todas as outras cores do espectro luminoso. Estas características não são exclusivas de pessoas que alcançaram algum nível de santidade, mas são inerentes a qualquer ser humano vivo. Afinal, a aura não é mais do que a manifestação do campo eletromagnético ao redor do corpo físico da pessoa.

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A palavra chakra tem a sua origem no idioma Sânscrito onde significa roda ou vórtice. Refere-se habitualmente a um centro de energia, de tal modo que poderíamos considerar de forma simplista cada um dos pontos de acupuntura como sendo um chakra. Porém, em geral e para o efeito desta matéria, quando falamos de chakras estamos a referir-nos a um conjunto de 7 centros principais de energia localizados em regiões próximas de cada uma das glândulas que compõem o sistema endócrino. Podemos dizer que os chakras são uma representação simbólica dos campos de energia criados pelas glândulas endócrinas do corpo ou, de outra maneira, que a cada chakra está associada uma glândula endócrina bem como a um grupo de nervos ou plexo.

Cada chakra pode ser visto também, como uma das antigas centrais telefônicas que recebiam as chamadas de determinada empresa e por onde passavam as chamadas que essa mesma empresa estabelecia com o exterior. Tal como as antenas captam as ondas do rádio ou, os ouvidos as ondas sonoras, também os chakras captam vibrações cósmicas e as distribuem por todo o corpo.

Neste texto vamos falar da estreita relação que existe entre a consciência e os chakras.

Os chakras são tal como as auras, aspectos da consciência. Os chakras são mais densos do que as auras, mas menos do que o corpo físico.

A consciência, de forma breve, pode ser considerada como tudo aquilo que lhe é possível viver no campo perceptivo e no dos sentidos, além de incluir a totalidade dos processos mentais. Podemos dizer que a consciência representa todos os estados de ser possíveis.

Noutro plano, a consciência é um sistema de energia composto por energias de diferentes densidades que se encontram num estado de constante movimento. Quando você vive num estado de tensão, a energia fica bloqueada, podendo vir essa tensão a manifestar-se sob a forma de alguns sintomas.

Este sistema de energia, bem como tudo aquilo que é possível viver, podem ser subdivididos em sete categorias, correspondendo cada uma delas a uma parte específica da consciência.

Cada um dos chakras é energia que vibra numa determinada frequência. Está ainda relacionado com outros chakras que vibram noutras frequências, numa sequência ordenada de sete vibrações que, tal como as cores, se encontram associadas umas às outras, numa escala gradativa de frequências conforme podemos observar através do arco-íris.

Podemos estabelecer uma analogia dos chakras com as notas musicais, sete chakras principais e sete notas musicais. Não é possível tocar uma flauta se um dos "buracos" estiver obstruído.


Quase todas as pessoas podem sentir e percepcionar as vibrações dos chakras e se aperceber das respectivas cores, embora alguns queiram fazer crer que essa faculdade só se encontra ao alcance dos iluminados. Importante não é ver os chakras em detalhe, mas senti-los, bem como se aperceber da sua cor em cada momento (de acordo com a frequência em que se encontram vibrando).

Para senti-los, basta apenas fechar os olhos e colocar a atenção nas regiões correspondentes a cada um dos chakras procurando sentir, por exemplo, algum tipo de formigamento, calor ou frio.

Os chakras funcionam como válvulas que regulam o fluxo de energia no seu campo energético. A energia flui na sua consciência de acordo com o estado dos seus chakras.

As tensões que sentimos no corpo podem ser associadas a tensões que temos na consciência. 

Podemos dizer que o corpo seria um mapa da consciência. Diz-me onde tens a tensão no corpo que te direi em que parte da consciência existe uma tensão.  

Quando existe uma tensão numa parte da sua consciência, irá senti-la no chakra a que corresponde essa parte da consciência. A tensão é depois transmitida à glândula endócrina que se lhe encontra associada. Essa glândula, de acordo com a informação recebida, irá segregar mais ou menos hormônios que por sua vez irão produzir uma alteração química.

As tensões são também transmitidas, através do chakra, ao plexo nervoso que se lhe encontra associado e por consequência às partes do corpo que são controladas por esse plexo ou grupo de nervos.

Cada chakra está ainda associado a um sentido e a sistemas específicos do corpo. Este é o processo que pode levar de uma tensão na consciência a uma doença física, por exemplo, se a tensão se mantiver por muito tempo. É só quando as tensões atingem uma certa intensidade que resultam num sintoma físico.

Assim, é importante que nenhum dos chakras ou válvulas fique presa numa posição de abertura ou de fecho, ou fique tenso por demasiado tempo dado que iria levá-lo a determinados padrões de reação.

Quando todos os chakras funcionam da maneira como devem funcionar poderá decidir e agir de forma correta. Poderíamos dizer que aí será livre. Aí poderá tocar a sinfonia da sua vida sem o risco de faltar alguma nota musical ou de fazer apenas barulho, como podemos ouvir em determinadas produções ditas musicais tão em voga nos dias de hoje.

O objetivo do estudo dos chakras aqui apresentado é a partilha de uma ferramenta que pode ser poderosa para todos aqueles que estão interessados no aprofundamento do conhecimento de si mesmo. Através da visão do corpo, como um mapa da consciência, poderá ser mais fácil identificar quais as áreas da sua consciência que necessitam de mais atenção e cuidado.

Brevemente voltarei ao assunto.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ser ou não ser, eis a questão!

O grande dramaturgo e poeta inglês do século XVII, William Shakespeare ficou célebre através de obras como, por exemplo, Hamlet, Otelo, Rei Lear, Romeu e Julieta e MacBeth, nas quais constam algumas frases que ficaram também famosas, entre elas a do título desta matéria “Ser ou não ser, eis a questão!”.

Como A. Damásio comenta na sua última obra “O livro da consciência”, o impulso básico do homem é para a sobrevivência. Observado de outro ponto de vista e, de uma forma simplista, este impulso poderia corresponder a um impulso para ser! A resposta à pergunta formulada por Shakespeare seria Ser, sem quaisquer dúvidas!

Não existiria um não ser, mas apenas uma “inconsciência de ser” da qual só o próprio Ser se pode aperceber. Poderia afirmar-se que o ser se encontra adormecido, anestesiado talvez devido à sua insustentável leveza, como dizia Kundera. Tal como uma criança com sua ingenuidade acredita que o papai Noel vai chegar numa rena e entrar pela chaminé assim o Ser sai do seu estado de presença e entra nas ilusões e nas armadilhas da mente e do espaço tempo.

Filosoficamente ambos os aspectos, ser e não ser, também podem ser vistos como dois lados da mesma moeda. Um não pode existir sem o outro. Algo só é quando comparado com algo que não é. Algo é considerado positivo quando comparado com algo considerado negativo, poderemos dizer que um não existe sem o outro.

Talvez nós existamos e não existamos em cada segundo das nossas vidas, embora ainda não o tenhamos comprovado, tal como uma lâmpada acende e apaga 60 vezes por segundo, embora pareça estar sempre acesa (quando ligamos o interruptor, obviamente). Ou seja, a lâmpada em cada segundo está tanto tempo acesa como apagada, mas temos a ilusão "bem real" de que está sempre acesa. Tal como a vida que é constituída por dois aspectos, vida e morte, também o ser pode ser constituído por ser e não ser!

Por outro lado, de uma forma muito Lapalissiana, o Ser pode ser aquilo que resta após se retirar tudo aquilo que não é (não é, por exemplo, personalidade, identificação, projeção, etc.). Saindo dessa ilusão vai restar aquilo que sempre lá esteve e "isso" pode ser o Ser!

Todo o ser é potencialidade pura. Neste estado o ser não é perfeito nem imperfeito, bom nem é mau. Ao mesmo tempo em que tem a potencialidade de ser “bom” também tem a potencialidade de ser “mau”. Ao sair da potencialidade pura, por decisão, entra no universo da dualidade. Como numa novela, alguns artistas decidem fazer o papel do bom, outros fazem melhor o do vilão. Depois, a maioria esquece-se de que está apenas a representar um papel, identificando-se com um dos aspectos da dualidade.
Jung dizia que, preferia ser inteiro a ser bom. O que quereria ele dizer com isso?

Possivelmente o ser inteiro significaria ser completo, ser consciente de toda a potencialidade. O que existe é apenas maior ou menor consciência acerca dessa plenitude, dessa completude ou, por outras palavras dessa dualidade dentro da unidade.

Lao Tsé, há milhares de anos dizia que, pelo não ser se alcançava o ser. Não sendo um pensamento, não sendo uma emoção, etc., desidentificando-me desse pensamento e dessa emoção posso chegar ao que sou. Sou aquele que observa e se apercebe de tudo isso permitindo-me sentir e pensar, mas sem me identificar com ambos.

Ao longo de 16 anos de trabalho com pessoas com os mais diversos tipos de dificuldades, utilizando o Descondicionamento, constatei que, o Ser está lá e sempre esteve por detrás de todas as aparências.

Para o Ser se aperceber que já é, e não necessita fazer nada para ser, apenas, e parece contraditório, precisa se desligar (desidentificar) do que é ilusório e que poderia ser dito constituir o não ser. Através do parar de pensar e do desenvolvimento do observador interior poderá sair da ilusão e aperceber-se que é!

Por exemplo, posso queixar-me de que minha avó me irritou através de algo que me disse. Essa é uma ilusão. Quem se irritou fui eu e não minha avó que me irritou! Ela proferiu determinadas palavras e eu me irritei com elas, como poderia não ter ficado irritado.

Esta irritação minha pode resultar, de certa maneira, de um reflexo condicionado (aprendemos, muitas vezes de forma subliminar que, quando se dizem certas palavras com determinados modos, nos irritamos), de algo mal resolvido na relação com a minha avó ou ainda de outros motivos.

“Apenas” necessito me aperceber desse detalhe que corresponde a uma mudança total do foco perceptivo do exterior (do outro, de dar o poder ao outro), para dentro de mim (meu interior), assumindo a responsabilidade total pela minha vida.

Resumindo, num determinado ponto de vista, sempre existimos e somos, independentemente de termos consciência disso ou não. Noutro ponto de vista, esse Ser que sempre existe e existiu pode ser caracterizado ainda - como se de uma partícula vibrante se tratasse - como existindo e não existindo ao mesmo tempo! Assim nós poderemos ser e não ser ao mesmo tempo.

A que se estaria a referir Cristo quando disse “eu venci o mundo”? Possivelmente ao fato de ter saído da ilusão, do “inconsciente”, da identificação com a personalidade, etc. de se ter apercebido dele mesmo como Ser ...!