sábado, 21 de setembro de 2013

A doença como dádiva para a evolução

Como diz Eckhart Tolle, até agora evoluímos de forma inconsciente, mas a partir de agora só poderemos evoluir se o fizermos conscientemente. Urge abandonarmos o papel de vítimas e assumirmos de forma consciente, o papel de criadores de nossas vidas. E a doença, a par dos relacionamentos, se for bem aproveitada, constitui-se como uma verdadeira dádiva para a evolução.

Ao colocarmo-nos como criadores ou responsáveis por nossas vidas, saímos do paradigma de que as doenças surgem para nos derrubar e começamos a vê-las como resultado da nossa inconsciência, como parte do jogo da vida, e ao mesmo tempo, da falta de amor por nós próprios e do consequente auto-abandono. A doença surge como uma oportunidade para mudarmos algo em nossa vida, para nos conhecermos melhor, para olharmos para dentro e liberarmos a carga que estiver associada a esse mal estar.


A grande questão é que estamos condicionados, habituados a ser vitimas, viciados em olhar para fora, em atribuirmos a responsabilidade de nossos males aos outros, ao mundo. Quando adoecemos procuramos atribuir a causa do nosso sofrimento a pessoas ou alimentos que não ingerimos ou ingerimos em excesso, em vez de nos questionarmos porque temos necessidade de tal pessoa ou de tal alimento. Na presença de amor incondicional por nós mesmos e pelos outros, essas necessidades ou vícios desaparecem.

É frequente encontramos pessoas que se queixam dizendo: eu sou hipertenso, eu sou diabético! Embora a minha atividade como consultor metafísico não esteja relacionada com a cura de doenças, quando encontro alguém se identifica tanto com uma doença, a ponto de dizer que é isto ou aquilo, a primeira coisa que faço é mostrar-lhe que enquanto ela se encontrar identificada com a doença, ninguém a poderá ajudar, por muito bom profissional que seja.

Pessoalmente apenas me limito a ajudar as pessoas a curarem-se a si mesmas. Ajudo-as a reequilibrarem-se energéticamente, a reencontrarem-se e reassumirem o seu papel de criadores conscientes de suas próprias vidas. Deixo que a medicina cuide de suas doenças.

Até ao século passado a doença era vista como um mal que invariavelmente conduzia à morte do organismo. Hoje apesar da grande maioria da população mundial ainda ser condicionada a pensar do mesmo modo, existem cada vez mais pessoas portadoras de doenças que, sabem que estas são o reflexo de desequilíbrios emocionais e energéticos.

Imaginemos uma marionete.  Sem uma mão por cima que a faça mover, perde todo o encanto e, sobretudo perde a vida. Assim somos nós. Perdemos o contato com essa mão (nós mesmos, para além do corpo), vivemos na mente, plenamente identificados com o corpo e adoecemos. Eu sou um corpo...  Nada mais longe da verdade última, eu tenho um corpo! Então se eu tenho um corpo, quem sou eu? Sou aquele que faz mover o corpo, como a mão no caso da marionete! O corpo e a mente fazem parte de nós embora, não seja aquilo que nós somos a um nível mais profundo. Quando não habitamos plenamente nosso corpo e perdemos o contato com o momento presente, acontecem acidentes, doenças inesperadas, etc.!

A doença mostra-nos uma parte da nossa consciência onde existem tensões, uma parte do nosso corpo energético em desequilíbrio. Ao interpretarmos as mensagens que o corpo nos está a fornecer e ao eliminarmos as respectivas tensões, que muitas vezes correspondem a emoções reprimidas, restauramos uma parte importante da nossa consciência e por consequência a saúde.

Talvez você não acredite em nada do que está a ler. Está no seu direito. O mesmo sucedeu comigo durante muitos anos até que um dia, em função de dificuldades que passei e que incluíram a cura de um familiar próximo (não a cura da doença, porque mais de vinte anos volvidos, infelizmente ainda não tem cura), tive a necessidade de procurar respostas diferentes das tradicionais para o que me afligia. Foi quando “iniciei” o caminho que me trouxe ao que sou hoje!

Esta experiência confirmou-me o que as pessoas como os Drs. Edward Bach e Ryke Geerd Hamer  e a pioneira Louise Hay, entre outros, propõem em suas abordagens: Se curarmos a pessoa, provavelmente algumas das doenças que nos afligem tem tendência a melhorar significativamente, senão mesmo a desaparecer, uma vez que não encontram mais combustível para se continuarem a propagar.

De forma muito grosseira e infantil é como se o corpo fosse uma bexiga (para os portugueses, um balão) que vamos enchendo através de pensamentos e emoções até ao ponto em que estoura. Nesse momento a doença manifesta-se no corpo físico. O ar que sopramos, tal como os pensamentos que temos, também não é visível, porém, chega um momento que não cabe mais dentro da bexiga e aí...

De outra maneira igualmente básica podemos imaginar o nosso corpo como o resultado de complexas misturas de substâncias químicas em permanente interação. Quando emitimos qualquer pensamento o cérebro segrega os chamados neuropeptídios que se vão adicionar aquelas substâncias. Também as emoções afetam o equilíbrio bioquímico através do lançamento de substâncias no organismo.

Imaginemos agora o que pensamentos e emoções negativas, repetidas obsessivamente durante anos poderão provocar no organismo. Possivelmente conduzirá ao mesmo que você irá alcançar se for colocando continuamente sal na sopa...

Estas analogias são primárias, mas ilustram com simplicidade o mecanismo da perda da saúde a um nível metafísico. Se curarmos as pessoas elas irão emitir naturalmente pensamentos equilibrados e irão também, expressar suas emoções adequadamente. Ao fazê-lo sua saúde irá melhorar substancialmente!  O drama é que queremos continuar a pensar e a fazer o mesmo e, a esperar que as doenças desapareçam!

Aprendamos com as crianças a ser um canal através do qual as emoções fluem, sem serem retidas, e deixemos de ser uma bexiga que vai enchendo cada vez mais, até um dia não aguentar e... Uma criança quando está triste, chora e quando sente raiva, grita, bate com os pés, etc. e passado um pouco está de novo feliz. E nós que fazemos?

Você conhece alguém que vinte anos após a morte de um ente querido ainda sofre intensamente com essa “perda”? Que será que essas emoções retidas por tanto tempo irão provocar?

Alerta! Nada se resolve com o esquecimento ou com o passar do tempo! Se não forem acessadas as memórias celulares e limpas as cargas acumuladas em experiências passadas, a médio ou longo prazo, aparecerão em nosso corpo físico sinais resultantes dessas tensões guardadas! Mesmo que já tenhamos compreendido, ou perdoado o que aconteceu...

Reflexões:

- Porque fazemos higiene corporal e caseira diariamente e passamos a vida inteira sem fazer higiene mental e emocional?

- O que sucede ao fim de um mês se não tomarmos banho? Não suportamos mais o cheiro de nosso corpo...  E o que acontece ao nosso corpo se não fizermos a limpeza mental e emocional?

- Porque valorizamos mais uma máquina de lavar roupa do que uma ferramenta de auto-limpeza mental e emocional?

Dos relacionamentos causadores de dependência aos relacionamentos iluminados


Pode-se transformar um relacionamento causador de dependência num relacionamento verdadeiro? - Por Eckhart Tolle

Pode, sim. Estando presente e intensificando a tua presença levando a atenção ainda mais profundamente para dentro do Agora: estejas ou não a viver sozinho ou com um companheiro, isso continua a ser a chave. Para o amor florescer, a luz da tua presença precisa de ser suficientemente forte para que deixes de ser conduzido pelo pensador ou pelo corpo de dor confundindo-os com quem és. Conhecer-te a ti próprio como o Ser por debaixo do pensador, a quietude por debaixo do ruído mental, o amor e a alegria por debaixo do sofrimento, é libertação, salvação, iluminação. Deixares de te identificar com o corpo de dor é trazeres presença para dentro do sofrimento e desse modo transmutá-lo. Deixares de te identificar com o pensador é seres o observador silencioso dos teus pensamentos e comportamentos, especialmente dos padrões repetitivos da tua mente e dos papeis desempenhados pelo ego.


Se deixares de revesti-la com um "sentimento de Eu”, a mente perderá a sua qualidade compulsiva, que é basicamente compulsão para julgar e daí para resistir ao que é, criando conflitos, dramas e novos sofrimentos. De fato, no momento em que cessares o julgamento, através da aceitação do que é, ver-te-ás livre da mente.Farás espaço para o amor, para a alegria, para a paz. Primeiro deixarás de te julgar a ti próprio, depois deixarás de julgar o teu parceiro. O maior catalisador da mudança num relacionamento é a aceitação total do parceiro tal como ele é, sem necessidade de julgá-lo ou de mudá-lo seja de que maneira for. Isso te levará imediatamente para além do ego. Acabarão então todos os jogos da mente e todos os apegos causadores de dependência. Deixará de haver vítimas e perpetradores, acusadores e acusados. Será igualmente o fim de toda a co-dependência, de se ser atraído para dentro do padrão inconsciente da outra pessoa e por esse meio permitir a sua continuação. Então ambos poderão ou separar-se - com amor - ou entrar juntos ainda mais profundamente no Agora - no Ser. Poderá ser assim tão simples? Sim, é assim tão simples.

O amor é um estado do Ser. O teu amor não e exterior, está bem fundo dentro de ti. Nunca o poderás perder, e ele não te poderá deixar. Não depende de qualquer outro corpo, de qualquer forma exterior. Na quietude da tua presença, poderás sentir a tua própria realidade intemporal e sem forma como a vida não manifestada que anima a tua forma física. Poderás então sentir a mesma vida bem fundo dentro de todos os outros seres humanos e de todas as outras criaturas. Olharás para além do véu da forma e da separação. É isto a realização da unicidade. É isto o amor.

O que é Deus? A eterna Vida Única por debaixo de todas as formas de vida. O que é o amor? É sentir a presença dessa Vida Única dentro de ti próprio e dentro de todas as criaturas. É ser isso. Por conseguinte, todo o amor é o amor de Deus.

O amor não e seletivo, da mesma maneira que a luz do Sol não é seletiva. Não torna ninguém especial. Não e exclusivo. A exclusividade não é o amor de Deus, mas sim o “amor” do ego. No entanto, a intensidade com que o verdadeiro amor é sentido pode variar. Poderá haver uma pessoa que te dê o reflexo do teu amor mais claramente e mais intensamente do que outras e, se essa pessoa sentir a mesma coisa por ti, poderá dizer-se que te encontras num relacionamento de amor com ela. O laço que vos liga é o mesmo laço que te liga à pessoa que se senta ao teu lado num autocarro, ou a um passarinho, a uma árvore, a uma flor. Só difere o grau da intensidade com que é sentido.

Mesmo num outro tipo de relacionamento causador de dependência, poderá haver momentos em que alguma coisa de mais real brilha através dele, alguma coisa para além das nossas necessidades mútuas de dependência. São momentos em que a tua mente e a do teu companheiro esmaecem por breves instantes e o corpo de dor fica temporariamente no seu estado dormente. Poderá acontecer por vezes durante a intimidade física, ou quando ambos testemunham o milagre do nascimento, ou na presença da morte, ou quando um está gravemente doente qualquer coisa que deixe a mente impotente. Quando isso acontece, o teu Ser, que geralmente está enterrado por debaixo da mente, revela-se e é isso que toma possível a verdadeira comunicação.

A comunicação verdadeira é uma comunhão - uma realização da unicidade, que e o amor. Geralmente, perde-se rapidamente de novo, a não ser que sejas capaz de estar suficientemente presente para continuares fora da mente e dos seus velhos padrões. Assim que a mente e a identificação com a mente estiverem de volta, deixarás de ser tu próprio e passarás a ser uma imagem mental de ti próprio, e recomeçarás com os jogos e a representação de papéis a fim de satisfazeres as necessidades do teu ego. És novamente uma mente humana, que finge ser um humano que interage com uma outra mente, que representa um drama chamado ”amor”.

Embora sendo possíveis breves vislumbres, o amor não pode florescer a não ser que tu estejas permanentemente livre da identificação com a mente e a tua presença seja suficientemente intensa para desfazeres o corpo de dor - ou possas pelo menos continuar presente como observador. O corpo de dor não poderá então tomar conta de ti e tornar-se assim destruidor do amor.

Por Eckhart Tolle em O Poder do Agora - Editora Pergaminho, 2001