quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Reiki

A palavra reiki significa "Energia Universal da Vida".

O reiki pode constituir-se como um caminho maravilhoso para a Auto-Realização e o desenvolvimento do Ser,

A força do reiki estimula o nosso corpo de uma forma integral, no sentido da cura.

Através da força vital podemos libertar e voltar a dispor das energias emocionais que se converteram em couraças como consequência dos bloqueios emocionais e da permanente tensão muscular.

O reiki pode ser um primeiro passo para uma limpeza do corpo e a renovação orgânica se for acompanhado por uma alimentação adequada.



Posteriormente o reiki irá "encher" o corpo com a energia vital, indispensável para levar a cabo um processo de aut-conhecimento em diversos níveis.

Após a dissolução das desarmonias físicas mais elementares, podemos começar a pensar noutras mais profundas a nível, emocional e espiritual.

Quem quiser experimentar os benefícios do reiki no plano do desenvolvimento pessoal deve, além de fazer aplicações práticas da energia vital, refletir sobre conceitos como o amor, a liberdade, a responsabilidade, a a verdade e, muito especialmente sobre as leis que regem as trocas energéticas capazes de fomentar o crescimento (as 5 regras do reiki).

Porém o reiki pode ser utilizado apenas como um método integral e natural de cura e relaxamento.

Os processos de volução mais profundos só serão acessiveis para aqueles que se dediquem a analizar as suas estruturas psiquicas.

 A força vital universal fomenta a sua individualidade e ajuda-o a encontrar o seu próprio caminho, mas é você quem tem que percorrê-lo.

Quem se apega a velhos padrões não poderá crescer.

As três energias mais importantes do sistema reiki são a verdade, o amor e a liberdade.

A melhor forma de saber um pouco mais sobre o reiki é passar através de uma sessão que poderá durar entre 30 e 45 minutos. 

O reiki também possibilita ajuda a animais e plantas.



Baseado na obra de Walter Lubeck - El camiño del corazón

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cenas da vida quotidiana dos bebês - 1

O ser humano tem o livre-arbítrio embora, as crianças ainda em tenra idade, perante a extrema dependência que têm de terceiros e a força do amor que sentem pelos pais, comecem desde cedo a se abandonar, entrando na matrix  mental, desenvolvendo crenças, retendo emoções, etc....

O auto-abandono começa bem cedo em nossas vidas...

O discurso será feito na primeira pessoa de forma a que o leitor se coloque no papel do bebê, da criança, e observe como se sentiria nesse papel. Talvez há alguns anos atrás tenha tido um dia parecido ou igual...


Estes eventos são completamente fictícios e qualquer parecença com a realidade é pura coincidência.

Evento A

Versão A

Segunda-feira de manhã o meu pai sai para trabalhar. Eu cheguei a casa na véspera. A nossa vizinha de cima e a sua filha batem à porta e querem saber detalhes sobre o parto, a minha mãe e sobre mim. Eu faço as minhas necessidades na fralda e começo a chorar pelo desconforto, reclamando para ser limpo e cuidado. A minha mãe devido à conversa e à distância que a separa do meu quarto, inicialmente não se apercebe do choro o que me leva a entrar em desespero... acabei de nascer e ninguém cuida de mim.... não sou amado, não sou merecedor... há outras coisas mais importantes do que eu.... não adianta reclamar que ninguém me atende.... se minha mãe é assim.... se ser mulher é ser assim... fui abandonado, estou sozinho no mundo.... esta vida é bem estranha... começo a chorar mais alto até que finalmente minha mãe se apercebe, se despede das vizinhas, chega e diz:  pronto, pronto a mamã já chegou, já está aqui, não precisa chorar mais, a mamã vai cuidar muito bem do seu filhinho lindo....vai dar banhinho....xiu, xiu, não chora mais não, já está quase pronto, não faz mais barulho....  já está limpinho... a mamã gosta muito do filhinho.... a mamã agora pega no menino ao colo e vai ver televisão com você....vamos ficar bem juntinhos, a mamã não vai deixar  o filho sozinho não... hum....


Evento A

Versão B

Segunda-feira de manhã o meu pai sai para trabalhar. Eu cheguei a casa na véspera. A nossa vizinha de cima e a sua filha batem à porta e querem saber detalhes sobre o parto, a minha mãe e sobre mim. Eu faço as minhas necessidades na fralda e começo a chorar pelo incômodo, reclamando para ser limpo e cuidado. A minha mãe apesar da conversa e da distância que a separa do meu quarto, apercebe-se do choro, manda as vizinhas embora e sai correndo para me limpar... hum não preciso de me preocupar muito, basta dar um choradinho que minha mãe faz o que eu quero...ela cuida de mim.... sou especial, merecedor... sou o centro da vida da minha mãe....  se minha mãe é assim.... se ser mulher é ser assim... não preciso me preocupar muito  com a vida, não estou sozinho no mundo....a vida é bela... quando quiser alguma coisa ou tiver necessidade de atenção posso manipular facilmente a minha querida mamãe.... minha mãe chega e diz: sossega meu filho, calma, pronto a mamã já chegou, já está aqui, não precisa chorar mais, a mamã vai sempre cuidar muito bem do filhinho....vai dar banhinho....não chora,não, não faz mais barulho....  já está quase bem... a mamã agora pega no menino ao colo e vai ver televisão com você....vamos ficar bem juntinhos, a mamã não vai deixar  o filho sozinho não...


Evento B

Entretanto 30 dias depois numa sexta-feira à tarde eu estou a dormir uma sestinha no meu quarto.  Toca o telefone. São uns amigos a convidar para o jantar e assistir ao futebol pela TV. O meu pai se anima com o jantar e o futebol, diz à minha mãe para se preparar para saírem. Preparam-se e vão ao meu quarto onde pegam na cesta comigo dentro (como se fosse um objeto, uma coisa...) dormindo e saem para casas dos amigos ... para quê explicar-me onde vão e informarem-me também de que me vão pegar, se ainda sou tão novo e não entendo nada...? Será que não.....? mas eu estou entendendo tudo... adultos são estranhos ... Chegam a casa dos amigos que me querem ver....entretanto não precisam me acordar porque  eu acordei, por mim mesmo com todo o barulho e reboliço do carros, etc....- levantam-me passam-me de mão em mão como se fosse um boneco para me mostrarem bem, indiferentes à minha vontade de  dormir mais..., deixam-me por perto na sala, onde todos ficam falando, a TV em altos berros, para me poderem controlar melhor .... e ao final da noite depois da janta e do futebol, com gritos de vitória, do time do meu pai, pegam de novo na cesta com a coisa dentro – neste caso eu.... hehehe, e levam-me para o carro onde começam a discutir por causa da hora tardia em que saíram de casas dos amigos. Minha mãe queria ter saído mais cedo, logo após o futebol, mas meu pai ainda ficou discutindo com os amigos, o que fez com que tivéssemos   saída já um pouco tarde. Chegados a casa, eu já estava com dor nos ouvidos de tanto ouvir meus pais discutir... coisa que não gostei.... levaram-me para o quarto deles e por uma questão de conforto, colocaram-me na sua cama, no meio, bem juntinho deles.... hum, amanhã vou querer dormir aqui de novo.... entre eles..., porque é que ainda não me tinham deitado aqui? ... pensei que iria dormir sozinho o resto da minha vida.... a dor dos ouvidos vai aumentando e  eu choro muito não deixando os meus pais dormir...eles ficam desesperados sem saber o que fazer, sem saberem do meu sofrimento e muito menos, das razões do  mesmo... No dia seguinte acordam bem cedo e preparam-se para me levar ao médico para ver o que está a acontecer. Porque é que eles não falam comigo e me explicam melhor o que aconteceu, dizendo que se amam e me amam também, que está tudo ultrapassado e em vez disso vão dar-me medicamentos para curar esse meu sofrimento?

continua...

sábado, 15 de setembro de 2012

O cultivo da paz pela transformação da educação


O tema deste artigo é a necessidade de prevenir a violência através de uma educação voltada para o desenvolvimento de pessoas saudáveis e felizes e, de forma mais ampla, para a superação da sociedade patriarcal, que constituiu o obstáculo fundamental para isso. 

Seu principal objetivo é o de interessar o público na transformação da educação tradicional em outra que esteja a serviço do desenvolvimento pessoal da consciência – indispensável à evolução social.

Fala-se muito da violência atual. Por um lado, porque o mundo se tornou mais violento que nunca, mas também porque se começou a ter consciência que desde o começo da civilização até mesmo a história foi violenta. Por outro, porque a injustiça do sistema se torna mais aparente e interessa aos opressores desarmar e pacificar os oprimidos. 

Curiosamente, entretanto, em uma cultura que recebeu as influências de Marx e de Freud, já quase não se fala na raiz psicológica principal da violência, que é o espírito explorador associado à cobiça, à insatisfação crônica e à perda da empatia.

No Chile, quando eu era criança, circulava uma piada atribuída a um personagem chamado D.Otto – um alemão cujos literalismo e espírito sistemático o impediam de ver a realidade, transformando-o ridiculamente num idiota. Nessa piada, contava-se a reação de D. Otto ao saber que, quando da visita do namorado de sua filha na noite anterior, o jovem casal tinha feito coisas indevidas no sofá do salão. D.Otto solucionou o problema de maneira radical: vendeu o móvel em questão. A maneira como hoje se fala de violência, sem se interessar pela pesquisa de para que serve, ou a que injustiça se reage, parece análoga; quando os episódios de terrorismo infantil se tornam cada vez mais freqüentes, suspeito que se queira ensinar as pessoas a não olharem além da superfície das coisas e das aparências, como se se tratasse de algo estranho e sem motivo, ou de um mero “problema da juventude” (como no filme Elefante).

Meu propósito aqui não é tratar das raízes da violência; entretanto, além de causas mais ou menos específicas, chamadas em psicanálise de “oralidade agressiva”, simplesmente lembrarei que é preciso ter em mente dois fatores universais: o escasso desenvolvimento psicoespiritual (ou seja, a falta de saúde mental) e a condição patriarcal da sociedade; foi esta que determinou que as tendências agressivas e competitivas do homem se expressem na marcha dos acontecimentos coletivos muito mais do que a ternura ou a cooperação, que se associam à maternidade e à mulher.

Se o que digo é verdade, deduz-se que se contribui para a paz não só ajudando a saúde mental da sociedade, mas também orientando-a para a transcendência de seu caráter patriarcal. Os que se preocupam com a violência, e mais geralmente os que se ocupam com os milhares de problemas que afetam coletivamente a sociedade, não ligam para estas coisas. Parece que insistem em cuidar dos sintomas e não de sanar o mal a fundo. Não levam em conta o que já dizia Erich Fromm, que “a destrutividade é a forma como cada um se volta contra a sua incompletude”. Mas como é óbvio que o desleixo com o essencial não ajudou, está na hora de a sociedade cuidar do subdesenvolvimento da consciência e de os políticos, que a representam, darem a devida prioridade ao muito descurado desenvolvimento integral da natureza – chave da felicidade e condição indispensável para uma sociedade saudável.

Já que é óbvio que fomentar tais coisas através das religiões, das escolas espirituais tradicionais ou da psicoterapia somente conseguiriam chegar a uma minoria, para mim, a única forma de se contribuir maciçamente para o desenvolvimento humano seria através da sua prevenção – evitando, assim, as conseqüências sociais da psicopatologia. Isto, por sua vez, somente poderia ser imaginável através da educação. Se o mundo é violento, é porque a criança é assim e se se tem a educação que se tem, é principalmente porque não se desenvolveu até hoje uma forma de educação que pudesse levar a criança além da mentalidade patriarcal.

Pelo contrário, a educação patriarcal está dirigida precisamente para a perpetuação da mentalidade tradicional e das habituais formas de vida – cujas conseqüências agora se apresentam problemáticas. Entretanto, assim como não se vê o próprio ponto cego, também não se vê a fraude maciça que penetra no que se costuma chamar de “educar”, destinada principalmente a passar nas provas e assim alcançar vantagens no mercado de trabalho. Tudo o que se faz priva o educando da oportunidade do desenvolvimento emocional, social e espiritual.

Então, nada mais promissor para a paz do mundo que uma alternativa para a educação patriarcal que se conhece, através da qual se pretende, arrogantemente, transmitir valores, sem perceber a transmissão de pragas. Mas como ? Principalmente – venho propondo através de congressos de educação, de livros e o repito aqui – através de uma educação “trifocal”, voltada para o desenvolvimento harmônico dos três cérebros que se associam na tríade do pensar, sentir e querer, como as três “pessoas interiores” (que correspondem às da família nuclear de pai, mãe e filho). Não há dúvida de que a educação tradicional ou patriarcal não só privilegia o intelecto, mas também se volta sistematicamente contra a instintividade da natureza animal, aviltando-a e dando origem à auto-repulsa sistemática, tão bem descrita pelo modelo freudiano da mente. Segundo tal modelo, o “superego” de cada um se volta contra “isso” e as ordens da cultura autoritária se opõem às ordens da Natureza. Além disso, é mais claro, apesar de Rousseau e da retórica atual que gira em torno da recuperação de valores, que a educação não somente não favorece o desenvolvimento afetivo, mas também o posterga ou o perturba.

Fala-se bastante, hoje em dia, da educação integral ou holística, e a Unesco proclama um ideal holístico quando reconhece a importância de aprender, não somente a fazer e a aprender, mas a conviver e a ser. Entretanto, parece imperar certa confusão entre a retórica e a realidade, algo parecido com o que ocorre com a democracia no âmbito político. É precisamente a crise da educação que prova a irrelevância e obsolescência do afã de transmitir, principalmente a informação, quando os jovens necessitam de uma educação que os ajude a crescer antes de tudo como seres humanos, em lugar de se lhes impor um regime alienante.

Como seres tricerebrados – dotados do cérebro de réptil, instintivo, do cérebro meio relacional, que se herda dos ancestrais mamíferos, além do neocórtex propriamente humano, no qual se assenta o potencial de sabedoria (ou demência) -, seria desejável que fôssemos educados como seres completos, capazes de equilíbrio e sinergia entre as suas faculdades. Isto implicaria incluir um aspecto interpessoal e afetivo nos futuros programas de educação e também um elemento estimulador dirigido à liberação da espontaneidade. 

Além disso, essa educação holística ou integradora deverá ocupar-se daquilo que, sem ser pensamento, emoção ou volição, constitua seu contexto: a consciência propriamente dita, ou o aspecto transpessoal da mente, do qual depende a vitalidade dos valores e sem cujo desenvolvimento a vida perde sentido. Mas como ?

Certamente isto vai requerer uma redefinição da educação para levar em conta os elementos de autoconhecimento e aprendizagem relacional etc., bem como a reforma curricular correspondente. Ora, dificilmente se pode esperar muito de uma mudança que não passe por uma formação alternativa de educadores, que permita que um certo quórum de mestres tenha acesso à transformação e à saúde mental necessária para ensinar as disciplinas vivenciais que deveriam integrar os futuros programas. Mais precisamente, será necessário oferecer aos futuros professores e aos gestores da educação cursos e oficinas suplementares nas áreas do autoconhecimento, das relações humanas e do cultivo da consciência – e especialmente levar cursos semelhantes ao pessoal docente das escolas.

Diante de tal proposta, é fácil perguntar se por acaso existe um método para a formação dos professores dessas áreas que seja suficientemente eficaz e seja economicamente possível de ser posto em prática, pois propostas como a de recorrer às contribuições da Psicanálise, ao Behaviorismo, aos cursos de Comunicação, de Psicodrama ou simplesmente de Gestalt, apenas, ofereceriam uma cultura terapêutica superficial e não o nível de transformação que os professores em questão necessitariam para se tornar agentes de uma transmissão viva de valores. Por isso, é de grande importância contar com um método comprovadamente eficaz, e ainda rápido, que se proponha como alternativa para a formação de educadores. Ela viria a constituir algo como uma “chave mestra” para essa transformação da educação, de modo que seja uma atividade que venha a dar realidade à tão citada, mas apenas sonhada, proposta da Unesco.

Por isso, quando respondi ao convite para escrever algo para este volume, considerei que esta seria uma oportunidade não somente para poder destacar a importância do desenvolvimento do potencial da educação tragicamente desperdiçado, mas também para poder informar a respeito de um método de formação de educadores. Este método já deu excelentes resultados nas já mencionadas áreas que o mundo acadêmico até agora descuidou – desde o autoconhecimento até a atenção ao nível profundo e transpessoal da mente.

Escrevi sobre a história e o conteúdo desse currículo, que complementa a formação tradicional de professores, em meu livro “Cambiar la Educación para Cambiar el Mundo” (Mudar a Educação para Mudar o Mundo). Nele incluo os comentários de trinta professores que ensinam em diversas escolas de educação do Chile e que foram convocados pelo Ministério de Educação para fazerem a experiência desse programa vivencial. Aqui só direi que se trata de algo que vem sendo aplicado em diversos países ao longo de muitos anos de formação de terapeutas e que, depois de sua primeira aplicação no Chile, na virada do milênio, despertou o interesse de educadores mexicanos, argentinos, italianos e outros, e mais recentemente foi reconhecido pelo governo catalão.

Já que este método – conhecido como programa SAT para o “desenvolvimento pessoal e profissional” - resultou da evolução do meu trabalho no decorrer dos últimos trinta anos, o meu entusiasmo poderia ser considerado suspeito, particularmente agora, no momento histórico que poderia perfeitamente ser chamado de “idade da propaganda e da comodificação”, quando até a Ciência se coloca a serviço dos negócios e do poder. Não tenho provas de minha inocência, de modo que a prova da verdade do que afirmo, ao anunciar que gerei (na verdade, por acaso) um recurso de interesse público, deverá basear-se na avaliação de seus futuros resultados. Entretanto, não há como duvidar; de fato, colaborei com as diversas equipes docentes em seus sucessivos módulos. Da observação repetida logo se percebe que a grande maioria dos participantes dos programas não somente consegue conhecer-se melhor, como também melhorar as suas relações interpessoais, além de adquirir uma notável capacidade de ajuda, que depende mais de sua própria transformação que da aquisição de idéias ou técnicas.

O formato do processo é o de três seminários sucessivos, de dez dias de duração cada um, repetidos anualmente. Quem ler esta afirmação pode-se perguntar como é possível rapidez e eficiência tão inauditas num âmbito que não se limita às palavras, mas que também deixa muitos dizendo que sua vida se divide em duas partes: antes e depois de tal experiência !

A resposta, creio, está em parte nos novos recursos que integram o programa, mas, principalmente, na forma como, através dele, se combinam, de tal maneira que “o todo é mais que a soma das partes”.

O programa SAT é um método específico de reparação da família intrapsíquica e, mais amplamente, das relações interpessoais. Seus componentes são uma visão do “bom amor” como equilíbrio entre compaixão, reverência e capacidade de satisfação, assim como uma compreensão das formas do falso e degradado amor; a prática da observação temporária do pensamento num contexto meditativo; a tomada de consciência do corpo e do mundo emocional; a pesquisa vivencial da mente em repouso; uma nova forma de teatro terapêutico; o cultivo da entrega através do movimento espontâneo; a terapia Gestalt; a psicologia dos tipos de personalidade e um novo laboratório de exercícios psicológicos. 

Através deles, as pessoas aprendem a trabalhar a si mesmas, tendo o estímulo e o apoio das demais, de tal forma que o grupo, em seu conjunto, se torna um sistema psicologicamente auto-reparador.

Os resultados alcançados não podem ser atribuídos unicamente à aplicação de um programa. É necessário uma escola viva: um currículo assumido pelas equipes docentes de seus respectivos módulos, cuja evolução pessoal e perícia acumulada através de muitos anos permitam a realização de algo que não poderia ser bem executado por novatos a partir de idéias e métodos aprendidos por observação ou através de livros.

Sinto-me como poderia sentir-se um camponês que, arando o seu terreno, encontrou um tesouro, ou como o personagem do conto de fadas que descobre as propriedades mágicas de uma planta que cresceu no pátio de sua casa. Simplesmente quis partilhar, anos atrás, com minha mãe e com alguns amigos algo do que havia alcançado ao entrar no que poderia chamar-se de a fase carismática da minha vida. Meu trabalho logo despertou o interesse de muitos pesquisadores em Berkeley, no início dos anos 70. Mais tarde, a improvisação daquela época me serviu de base para os programas SAT – já descritos -, os quais, à medida que foram evoluindo, tornaram-se cada vez mais breves e poderosos. Tais programas começaram em resposta ao interesse de psicoterapeutas na Espanha, mas, com o tempo, não só eles estavam interessados; havia terapeutas também de outros países. 

Acudiram mais professores, até que, em parte por suas observações e em parte porque com o passar dos anos entendo um pouco melhor da trágica condição do mundo, achei que o fruto do trabalho da minha vida bem que poderia ser suficiente para desencadear a transformação de que a educação tanto necessita.

Tomara que estas palavras possam interessar aos governos, aos administradores da educação, às universidades, aos colégios e às escolas e os induzam a testar o programa SAT para que possam comprovar a verdade do que foi descrito aqui, pois assim não somente responderiam adequadamente à crise educacional, mas também começariam a contribuir para o nascimento de uma geração mais sadia e sábia. Que as minhas palavras também possam chegar às pessoas que têm a possibilidade de colaborar com o dinheiro que será necessário para oferecer bolsas aos empobrecidos educadores e também tornem possível a produção de programas e a materialização deste projeto, tendo em vista o limitado orçamento educacional dos empobrecidos governos – cada vez mais sujeitos à vontade do império transnacional do dinheiro.

Ficaria muito mais feliz se algum dia o meu pensamento chegasse aos poderosos do império global, aos quais penso que, por justiça, mais que a qualquer outro cabe financiar a transformação da sociedade – tão sofrida com o resultado de suas decisões -, para que os jovens de hoje possam viver amanhã em paz e amor e gerem formas de vida e instituições melhores que as da civilização patriarcal em sua crise de obsolescência.

Resumo: A violência é um aspecto de uma problemática complexa, cujo fundo está no subdesenvolvimento emocional; por isso, a paz do mundo depende da possibilidade de prevenção da crescente deterioração psicoespiritual. Chamo a atenção para o fato de que somente a transformação da educação poderá levar ao êxito, e dou notícia de um método para a necessária formação alternativa de educadores que tal transformação irá requerer.

Cláudio Naranjo - Chileno, Médico e músico. Fundou o Instituto SAT (Berkeley-USA), uma escola integrativa psicoespiritual. Pioneiro do Movimento do Potencial Humano e da Psicologia Transpessoal. Membro do Institut of Research de Londres, do USA Club of Rome e participante do Parlamento de Religiões. Dedica-se à educação integrativa e transpessoal em vários países. Autor dos livros: The One Question; Psicologia de la Meditación; La Única Búsqueda; La Agonía del Patriarcado; El Niño Divino y El Héroe; Entre Meditación y Psicoterapia; Gestalt de Vanguardia; Cambiar la Educación para Cambiar el Mundo, entre outros.

Cláudio Naranjo – do livro A PAZ COMO CAMINHO – Dulce Magalhães (www.unipaz.org.br

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Relacionamento com os Pais

O relacionamento com os pais é uma área extremamente importante de nossas vidas. Passamos em média no mínimo um quarto de nossas vidas junto deles.

Devido à nossa extrema dependência em relação aos progenitores, sobretudo no que diz respeito à alimentação, higiene, habitação e mobilidade criamos vínculos que nos aprisionam para o resto de nossas vidas.

A menos que façamos um trabalho de descondicionamento em relação a nossos pais e, ou tutores, nossas vidas serão profundamente marcadas pelo tipo de relação que tivemos com eles.

Mesmo o que consideramos um bom relacionamento, a maioria das vezes não o é. Com freqüência leva a uma identificação, emulação, adoração por essas pessoas que acaba por ser prejudicial porque, conduz a um afastamento do eu em relação a si mesmo, e aos seus verdadeiros propósitos na vida.

Para que qualquer relacionamento seja verdadeiramente saudável ele deve ser baseado na liberdade e no amor incondicional. A maior parte dos relacionamentos com os pais é baseado em maior ou menor grau, em amor condicional. Poucos pais confiam de verdade em seus filhos.

Como pode, por exemplo, um pai medroso, carente ou controlador, deixar seu filho em liberdade para seguir a sua própria vontade ?

Sair do dito amor condicional e reativo para o amor incondicional, é um dos maiores desafios na evolução do ser humanos começando obviamente pelo tipo de relação que os pais estabelecem com os filhos.

Então porque continuamos fazendo os mesmos erros, de geração em geração se, ao repetirmos algo que não funciona, não iremos lograr que funcione?

A única resposta que encontro é o fato de estarmos adormecidos como que hipnotizados, porque ninguém de sua livre consciência repete algo que não funciona!

Muitas vezes quando pensamos que estamos a tomar uma decisão por nós mesmos, não estamos a fazer mais do que observar e decidir através dos filtros perceptivos de nossos pais. O que meu pai faria nesta situação? Será que minha mãe vai gostar e aprova? Ignorando completamente a nossa vontade. É tão inconsciente que nem nos apercebemos.

Tenho encontrado muitas pessoas que ao serem questionadas sobre o que gostariam de fazer no dia seguinte, se não tivessem problemas de tempo e dinheiro, ficaram admiradas e espantadas, sem saber o que responder, de tão afastadas que se encontravam de si mesmas.

A maior parte das crianças, é dado hoje aceite, quando tem dois, três anos, sabe o que quer da vida. Então porque é que a grande maioria dessas mesmas crianças quando chega à adolescência já não sabe o que quer estudar na escola? 

Alguns pais, por terem sofrido bastante em suas vidas querem evitar que seus filhos passem  dificuldades, vivendo para eles e impedindo-os de verdadeiramente experimentarem o processo da vida. Tudo isto por amor... Ás vezes vivem vidas cheias de privações para, por amor, impedirem que seus filhos vivam dificuldades, impedindo-os assim de terem o prazer de  construírem suas vidas...

A nossa cultura ensina que ajudar é dar comida pronta, retirando a possibilidade a essas pessoas de crescer e dizendo-lhes de forma indireta que não são capazes. É uma hipocrisia inconsciente, querendo ajudar, retirando a possibilidade de experimentar e evoluir. Outras culturas confiam nas pessoas e ensinam a pescar.

E quem nos desanima em primeiro lugar, por inconsciência, e ao mesmo tempo por amor? Os nossos pais!

Filho o pai vai-te mostrar como se desenha uma pessoa... Na maior parte dos casos acabou com o potencial artista dentro!!!  Para a criança os riscos que ela fez no papel  eram o pai ou a mãe, mas o pai vai ensinar-lhe como é...  Freqüentemente a maioria dessas crianças perde o interesse no desenho. Quantas passaram por esta situação?

Em vez disso porque não aceitar e aprovar o que a criança desenhou, sem julgar ou querer ensinar?

Oh mãe esta noite falei com a fada madrinha.... Filha, a fada madrinha não existe... só nos livros e na televisão... E sai correndo para o psiquiatra porque a filha está com perturbações.... Quem está perturbado, a filha ou os pais? Existir em livros e Tv não é existir? Então o que é?

Porque não apenas aceitar e se quiser questionar, perguntar o que a fada disse, etc., alimentando e apoiando a criança?

Há pessoas, e não há mal nenhum nisso, que vivem até os 40, 50 anos na casa de seus pais. Embora querendo, nunca conseguem manter um relacionamento duradouro e estável, ficando reféns de situações em família. Já recebi vários pais preocupados por os filhos não encontrarem ninguém, sem perceberem que na maioria dos casos, são eles mesmos os principais responsáveis pela situação, por medo, por os quererem proteger. 

Um ser humano não é uma propriedade de alguém, é apenas um ser que precisa de todo o apoio numa base de amor, liberdade, compreensão e respeito, durante a caminhada até alcançar a maioridade.

Feliz ou infelizmente a questão da educação dos filhos não é uma questão de estratégia sobre como educar, é uma questão de Ser! Como alguém que não é, permite que seu filho seja?

A maioria dos seres humanos já em tenra idade, por amor aos pais, se abandona a si mesmo,.., Se o pai diz e quer assim, então que seja, retendo a raiva, a tristeza, etc.  que sentem.  Abandonamos o Ser muito cedo em nossas vidas.

Devido a nossa extrema dependência em relação aos pais, não nos restam muitas alternativas, ou fazemos o que eles querem, ou fazemos....

Mais tarde, a maioria das vezes já como adultos, quando as nossas vidas não nos satisfazem, uma das soluções é libertar essas emoções retidas e resgatar o amor por nós mesmos!!!

Com o Descondicionamento conhecerá processos que o podem levar a liberar as emoções guardadas em relação aos pais e a uma relação livre e amorosa com eles.

Culpar os nossos pais dos nossos males não resolve nada porque, em última instância, eles fizeram de fato o melhor que foram capazes, e poderiam de igual modo culpar seus pais e assim por diante, até chegarmos à pré-história...

Numa perspectiva mais profunda, nada do que disse acima é verdadeiramente importante, na medida em que cada um é o único e exclusivo responsável por sua vida!

Mas, que numa perspectiva humana mais limitada o que foi dito é importante, é!!!!