O Descondicionamento é um sistema de terapia de cura emocional e autoconhecimento, constituído por um conjunto de técnicas simples, na sua grande maioria autoaplicáveis.
Atravessamos diariamente, desde que nos levantamos até que nos deitamos, diversos estados emocionais. Uns mais agradáveis outros nem por isso.
Atravessamos diariamente, desde que nos levantamos até que nos deitamos, diversos estados emocionais. Uns mais agradáveis outros nem por isso.
Sobretudo em relação aos desagradáveis, quando surgem, por exemplo, ao acordar, passamos o dia questionando-nos o porquê de eles terem surgido, preocupando-nos por não passarem, etc., ficando horas e às vezes, dias nessa ruminação mental, acrescentando ainda mais carga àquilo que na sua origem poderia ser bem simples de resolver.
A questão é que o hemisfério esquerdo tem necessidade de entender tudo e, devido a esse condicionamento, diria mesmo disfunção cerebral de que a maioria dos seres humanos sofre, enfocamo-nos nesse estado emocional desagradável para compreendê-lo. Ao fazê-lo, colocamos a nossa atenção e energia nele. Este é o ciclo da espiral descendente em que entramos. Além de aumentarmos a dimensão do que sentimos, acrescentamos outros tipos de emoções.
Por exemplo, uma simples angústia pela manhã, pode terminar numa forte sensação de desespero ao fim da tarde e numa ida ao psiquiatra alguns dias depois.
Colocar a atenção em algo positivo, afastando a atenção desses estados emocionais negativos pode ser uma boa perspectiva, porém os resultados, na grande maioria dos casos, são aparentes! Não tem como tapar o sol com a peneira.
O Descondicionamento propõe e utiliza outros pontos de vista e outras ferramentas.
As emoções são experiências subjetivas, intrínsecas à natureza do ser humano. Não há ser humano que não tenha sentimentos ou emoções.
Uma dica simples para aliviar e resolver a questão do sofrimento emocional é observarmos como uma criança, de preferência com idade inferior a 4 anos, que viva numa região mais longe dos grande centros, lida com a emoção. Melhor ainda se ela não estiver na presença de um adulto. Depois de a observarmos, experimentemos fazer o mesmo, deixando a emoção passar através de nós mesmos sem reclamar, não a querendo agarrar, não injetando mais energia, apenas aceitando-a e, magia das magias... verificaremos que pouco tempo depois ela desaparece, dando lugar a paz e a consciência, porque era apenas uma ilusão! Apenas permanece o que é real e só o amor é real. A emoção negativa, embora pareça real, é uma ilusão, uma das formas da dualidade. Quando nós ama essa emoção, não lutando com ela, aceitando-a, com amor incondicional, ela tem tendência a desaparecer. A prova está no que escrevi no início do parágrafo, com crianças em estado nativo de ser. A criança é um canal por onde tudo passa e que depois aprende a reter!!!
As crianças atravessam, às vezes no espaço de minutos, diversos estados emocionais, porque não ficam apegados a nenhum deles. Também não querem entendê-los. Choram, gritam, berram, põe tudo para fora e de repente já estão alegremente brincando de novo. Repito que estas situações dão-se, na maior parte dos casos, com crianças ainda de tenra idade, com menos de 4 anos, que vivem, habitualmente em regiões pouco aculturadas, onde ainda podem brincar na natureza.
A grande maioria das crianças, até uma determinada idade, ainda conseguem ser elas mesmas, ensinando-nos a ser verdadeiros, inocentes, autênticos, vulneráveis, felizes. No entanto estamos tão obcecados, interessados em as ensinar a ser ... que nem nos apercebemos do que elas nos estão ensinando. Fazemos isto porque “sabemos” que elas são muito novas e pequenas e, elas sim, precisam que nós lhe ensinemos desde cedo como é a vida!!!!
Atente noutro exemplo de atitude que irá ter sérias consequências negativas na relação entre mãe e filha já a curto prazo...
Encontrei uns meses atrás uma mãe colocando a sua filha que, deveria ter entre um ano e um ano e meio, numa cadeira de criança, na parte detrás do seu carro. A criança estava a chorar e a mãe desesperada gritou, dando um berro que se ouvia a 100 metros: Você não fala mais... comigo....!!!!!!!!!!!!!!!!!! Não é preciso sermos possuidores de dons especiais para saber o que vai acontecer num futuro em curto prazo, nessa relação mãe/filha? Alguns dirão: é um exagero o que você propõe! Infelizmente são conclusões baseadas em fatos reais, neste caso, alguns anos de experiência de atendimento de muitos e muitos casos parecidos ao que acabo de apresentar.
É necessário acordarmos para a realidade e perceber que a simples toma de medicamentos, a mera compreensão ou o aprender a lidar com certas situações não as irá resolver.
Esquecer algo, começar a ver a outra pessoa de maneira diferente, colocando um ponto final nos sentimentos negativos que se tinham, não limpa a raiva, mágoa, etc. que se guardaram no passado!!!!
Perdoar é um ato intimo do coração, não é um ato público e do ego. O verdadeiro perdão surge apenas quando a pessoa libera toda a carga que acumulou no passado, relativamente a outra pessoa. Não funciona por decreto, ou apenas por querer perdoar. Quando alguém verdadeiramente perdoa, não sente necessidade de o dizer!!!
O habitual perdão é superficial. Pretende aliviar a pessoa da carga. O alívio que provoca é apenas parcial, embora seja considerado muito bom.
No futuro, no momento em que quisermos moldar, controlar, dominar, condicionar uma criança, antes de fazê-lo, respiremos fundo, olhemos para dentro de nós mesmos, permitamo-nos sentir o nosso desespero, raiva, nalguns casos mesmo a impotência e observemos o que essa criança nos está a ensinar. Algo que está dentro de nós mesmos e ela está a despertar. Agradeçamos-lhe mentalmente por nos proporcionar esse momento de autoconhecimento. Apenas sejamos nós mesmos e, deixemos ela ser ela mesma também! Nesse momento a nossa atitude será, com certeza, completamente diferente daquela que iamos ter inicialmente! Agora virá da consciência, do coração!
Antes de querermos limpar a casa do vizinho limpemos a nossa ou, no caso das crianças, não as ensinemos a sujar e não fomentemos que elas a sujem.
Só há uma maneira de limparmos uma casa, como diria La Palisse, e essa maneira é limpando-a!!! E como vamos limpar uma coisa da qual nem nos lembramos?
No exemplo acima,para harmonizar a relação seria necessário que ambos limpassem a carga originada por aquele evento, o grito da mãe, a raiva e o desespero dela, o pânico, raiva e vontade que a criança tinha de bater na mãe naquele momento, a cedência, por amor, à vontade da mãe, etc. Por muito que aquela criança compreenda que a sua mãe estava desesperada naquele momento e a perdoe,não limpa o que ela sentiu naquele momento,nem vai fazer com que se comunique melhor com a mãe!!!
O que houve naquele incidente, senão inconsciência da mãe, provocando inconsciência na filha, "fazendo mal" à outra, a mais velha, mais madura, mais experiente, "fazendo mal" aquela que é pequena e nada entende...? A única forma de limpar o evento é limpando-o e para isso precisa de uma ferramenta.
O Descondicionamento oferece ferramentas para que possamos, de forma simples e fácil, através da dedicação de algum tempo diário a nós mesmos, efetuar a nossa própria auto-cura.
Como seria a nossa sociedade se, em vez de guardarmos as emoções, ensinado por nossos tutores que tanto nos amam, para sermos adultos equilibrados e bem comportados, fôssemos livres de chorar quando temos necessidade, expressar a raiva numa almofada, falar o que queremos falar? Apenas sentiríamos as emoções sem as reter. Apenas seríamos nós mesmos!!!