Somos diariamente alvo de criticas que, na maior parte das
vezes achamos injustas e que não aceitamos e, ao mesmo tempo, ouvimos que não
devemos julgar ou criticar os outros.
Também algumas religiões e muitos livros
de auto-ajuda dizem-nos o mesmo. Então porque continuamos a nos auto-criticar e
a julgar os outros? E ao mesmo tempo porque não devemos fazê-lo?
Será que estas atitudes são intrínsecas ao ser humano, fazem
parte da sua natureza? Será que é uma necessidade natural ou resulta do estado desequilíbrio
e falta de amor-próprio?
Criticar é fácil, mas porque não começar, por sermos
primeiro perfeitos conosco mesmos antes de começar a criticar os outros? Será
que conseguiremos ou, somos tão falíveis como eles? E o que é isso de
perfeição?
Qualquer um pode criticar com muita facilidade. Não o fazer,
de forma natural, infelizmente ainda é para poucos.
“Embora em geral todos façamos criticas, existe um grupo de
pessoas que corresponde ao tipo 1 do Eneagrama, os perfeccionistas, que tem uma compulsão para o fazer. São
em geral pessoas cuja relação com a figura paterna não é ou não foi enquanto
crianças, a melhor. Sentem a falta de um vinculo natural com essa figura
protetora. Sofrem muito, internamente, pelas cobranças que fazem delas mesmas
para serem perfeitas. São também muito exigentes com os que os rodeiam. Em
geral são pessoas viradas para a ação e muito responsáveis que muitas vezes
pularam a infância. Esforçam-se para ser boas porque só assim eram
reconhecidas.”
Ao utilizarmos a critica, fazemos automaticamente com que o outro
se sinta errado. Será isso que queremos? Este método arcaico e muitas vezes
inconsciente, de dominar os outros, é infelizmente ainda predominante nos
lares, escolas, e sociedade em geral. Em muitos casos para agravar a situação,
essas criticas ou julgamentos são públicos, efetuados junto de irmãos, colegas,
amigos ou vizinhos, acabando por constituir grandes humilhações .
Essas críticas são freqüentemente apoiadas ou validadas por
frases como: Mas se ele fez uma coisa que não deve, o que você quer que eu
faça? Mas se a pessoa faz uma coisa errada, acha que deveria deixar? À luz da racionalidade pura as respostas são
óbvias.
Enquanto vivermos prisioneiros do hemisfério esquerdo iremos sempre
colocar as mesmas questões e obter as mesmas respostas. O esquema está viciado.
É interessante perceber que se nós fôssemos o outro,
faríamos exatamente a mesma coisa!!!! O leitor poderá dizer: eu no lugar dele
faria diferente. A questão é colocar-se no lugar do outro, com a mesma
história, mesmo passado, mesma família, etc., ou seja, calçar os sapatos dele.
Isto equivaleria a sentir compaixão e
amor incondicional pelo outro!!!
Para encontrarmos respostas satisfatórias e equilibradas
para a questão aparentemente simples do por que não devemos criticar,
precisamos fazer uma reinterpretação da vida. O que é a vida? Quem somos nós?
Ou seja, precisamos acrescentar à nossa vida a dimensão
espiritual, para termos uma compreensão efetiva das palavras dos mestres, etc.
no sentido de não criticarmos.
O hemisfério direito é holístico e, define mais claramente
quem nós somos. De forma simplista podemos dizer que somos seres holísticos que
atualmente vivemos num estado desequilibrado, reféns da hiper-estimulação do hemisfério
cerebral esquerdo. Como vivemos a vida a partir de apenas metade do cérebro,
desprezamos o coração, o amor, como se este fosse apenas um sentimento piegas e
inferior, próprio dos fracos, quando no fim das contas é tudo o que existe.
Ousaria dizer mesmo que, o grande salto quântico do homo
sapiens para o “homo humanus” passa por equilibrar as duas partes do cérebro e,
noutro ponto de vista, não viver apenas a partir da cabeça, mas também do
coração!!! Diria ainda mais, que lá bem no fundo, esse é o grande anseio de
todos os seres humanos.
A principal dificuldade para se alcançar este equilíbrio,
reside no fato de ser necessário implementar de forma consciente e deliberada,
algumas mudanças naquilo que são hábitos enraizados, reformulando por exemplo a
visão sobre o modelo de educação que queremos, (ou ainda antes, adotando o parto humanizado... ou antes mesmo, a
concepção consciente.....), etc.
Quando vivermos não apenas com a mente, mas também com o
coração, a critica desaparece. E como integrar o coração, como viver com o
coração, pergunta a mente racional? Vivendo, diria La Palisse! Seguindo a parábola do regresso do filho
pródigo.
Abandonando a vida centrada no ego, passando a viver a partir da
essência, daquilo que somos de verdade, amor!
Quando não se tem necessidade de criticar, não se critica!!!
E quando é que não se tem necessidade?
- Quando se está presente em
cada momento!
- Quando se apercebe de que
já “errou” muitas vezes.
- Quando se apercebe de que
cada um tem direito a seu ponto de vista e a passar sua própria
experiência.
- Quando se apercebe que o
outro, ao ser criticado vai sentir necessidade de se defender e
justificar.
- Quando se apercebe que, em muitos casos,
você de certa forma já fez a mesma coisa (esta idéia pode parecer muito
bizarra para algumas pessoas, sobretudo se estivermos a falar de crimes,
roubos, etc.).
- Etc.
- Sobretudo quando se ama a si mesmo!
Em decorrência de algumas respostas acima, até poderíamos
reformular a questão e, em vez de perguntar, porque não devemos criticar,
perguntar: quem somos nós para criticar se já fizemos o mesmo?
Um caminho para o outro lado do cérebro, ou para o coração,
é começarmos a aceitar-nos e amar-nos
verdadeiramente, tal como somos. Quem se ama não se critica e, por
conseqüência, não tem necessidade de criticar os outros. Como perdemos o amor
por nós mesmos já há muito tempo, induzimos
os outros a fazer o mesmo e, muito lamentavelmente, no caso das crianças, corrompemos
desde cedo, o amor que elas tem por elas mesmas.
Quem se ama, ama também os outros e, não critica!
Há muitas outras práticas para desenvolver o hemisfério direito
e para desenvolver o amor.
Observando-nos ao espelho e verificando o que há de errado
conosco! Estamos muito gordos? Temos pouco cabelo? Temos um nariz muito pequeno?
E qual o problema? É o que é!!! O que podemos fazer? Aceitar o que for nesse
momento e, se pudermos fazer algo para mudar, como no caso da obesidade, então
fazer! Temos o poder para isso!!! Se for uma questão de tamanho do nariz, não
podemos fazer nada, apenas nos resta aceitarmo-nos e amarmo-nos tal como somos!!!!
Desenvolver a auto-observação, mais do que a observação dos
outros e, apercebermo-nos de quem é a voz dentro da nossa cabeça que está
sempre cobrando como algo deveria ser, em nossa vida e na dos outros. Perceber
que essa voz , corresponde muitas vezes à voz de alguém bem importante em nossa
infância, talvez até alguém de quem nós gostávamos muito.
Se formos destros, experimentemos escrever todos os dias um
pouco com a mão esquerda. Façamos o mesmo com o escovar dos dentes, etc.
O Descondicionamento dispõe de várias ferramentas que o podem ajudar a alcançar
uma vida equilibrada, plena e feliz!
Por incrível que pareça tudo está perfeito, toda a
experiência é perfeita. Se não está feliz com a sua vida é hora de começar a
mudar. Não espere, porque não dia ou lugar certo para fazê-lo. O momento certo é AGORA!!!
FELIZ ANO
DE 2013
Este ano, em situações em que antes criticava, procure
escutar de quem é a voz na sua cabeça que quer criticar e, procure seguir a
máxima:
Não diga nada a menos que o que vai dizer seja mais formoso
do que o silêncio!
E que tal, começar a abraçar diariamente, antes de sair de
casa ou no final do dia, as pessoas que consigo vivem?