quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Consulta com aluno prestes a terminar o ensino médio...!


Na passada semana recebi pela quarta vez o A.J. um estudante com dificuldades no estudo.


Na primeira sessão tinha-lhe recomendado alguns florais e, em simultâneo, nas sessões seguintes, trabalhei com ele o  desbloqueio de aspetos relacionados com os pais e com o estudar em geral.

Desta vez decidi fazer-lhe uma pequena entrevista e começar a trabalhar especificamente algumas matérias em que ele apresenta particular dificuldade.

 Comentou-me que quer estudar Agronomia, para trabalhar no sítio, com plantas, etc., e não com animais. Gosta do silencio e da paz do sitio! Quando era criança viveu no sitio antes dos pais o terem vendido...

Tem dificuldades em Química, com apenas 30% de aproveitamento, entre outras matérias.

Comecei por lhe perguntar o que a palavra estudar significava para ele. Ficou a pensar, demonstrando desde logo que a resposta não era clara. Questionei-o de seguida: se eu lhe tivesse perguntado quanto eram 2 mais, 2 o que vc teria dito. Teria dito são 4, respondeu. Porquê?  prossegui. Disse: Porque isso é muito fácil! Perguntei-lhe: É fácil, ou tu sabes a resposta? Ambas, disse! E a pergunta inicial é difícil ou não sabes a resposta? Sei sim, estudar é ir para escola para acabar o ensino médio, para depois ir para universidade fazer um curso, para depois poder ganhar dinheiro...

Perguntei-lhe: E se não fizeres nada disso não podes ganhar dinheiro? Ao que respondeu: Ah posso sim, mas ganha-se menos.... Disse-lhe: Conheço pessoas que não fizeram a universidade e ganham muito dinheiro de forma lícita e tu também deves conhecer alguma.... e conheço muita gente formada ganhando pouco ou nada....

Mas o teu objetivo é apenas o dinheiro? Continuei. Ele respondeu: O dinheiro é importante!

Questionei-o de novo: Com certeza que o dinheiro é importante mas pretendes passar a vida fazendo algo apenas pelo dinheiro? Achas que vais sentir-te feliz, levantando-te diariamente para ir trabalhar apenas para ganhar dinheiro ? Rapidamente exclamou: Ah o ideal seria gostar do que faço!

Prossegui: Muito bem retornemos à questão inicial A resposta que tu me deste é a resposta que a maioria dos estudantes e até mesmo algumas pessoas formadas dão a essa mesma pergunta. Podes ficar tranqüilo quanto a isso.

Estás disposto a conhecer outra definição da palavra estudar?

-  Há outra?

- Sim há outra, repara, vou mostrar-te!

- Mas não pode dizer?  Precisa mostrar?

- Sim preciso, se eu te disser, além de poder passar a definição errada, quando te encontrares sozinha e precisares de uma resposta, vais ficar dependente de mim ou de alguém e isso não será bom para ti. Também irá atrasar o teu desenvolvimento.

- Compreendi, então ta...

-  Seria bom pedires a teus pais para te comprarem um bom dicionário, de preferência que contenha a etimologia da palavra para poderes conhecer a origem de cada palavra e se possível imagens que em muitos casos ajudam a compreender melhor certas palavras. Assim adquires autonomia sobre tua própria vida.

Então agora lê esta definição. Mostrei-lhe na tela do computador a definição constante de um livro: Estudar é olhar para algo para descobrir mais acerca disso. É aprender algo acerca de alguma coisa.

- Ah isso foi o que eu fiz esta semana quando meu pai me deu um som... andei pesquisando na internet e lendo o que vinha junto.....

- Para saberes mais acerca do som...?

- Isso....

- (o semblante dele mudou, os olhos brilhavam, onde antes até dificuldade tinha em me olhar...) Como podes constatar por experiência própria, , estudar não tem uma relação direta com ganhar dinheiro, mas sim com saber! Estás avançando bem! Então diz-me agora, acerca do que é que tu gostarias de saber mais?

Aí ele disse: muitas coisas.... Procurei objetividade: Como por exemplo.... Sobre as flores, as plantas.... disse ele. Prossegui: Muito bem.... a propósito, diz-me agora qual o significado da palavra Química?

- Não entendo nada....

-  Muito bem, não importa o que aconteceu até agora, importa o que tu queres que venha a acontecer.... Lê aqui esta definição: A química estuda a matéria, a sua organização e transformação, bem como as energias envolvidas nessas transformações, sendo a matéria tudo aquilo que ocupa um lugar no espaço e possui massa.

- Noossaaaaaa, que legal, afinal é quase tudo o que existe à nossa volta....

- Isso mesmo, inclui também as plantas, as flores, etc....

- Não sabia!

- Por isso chegas-te a esta situação. Há pouco falaste que gostarias de saber mais sobre plantas e flores, na verdade, sem o saberes, estavas a dizer que as querias estudar, estavas a dizer que querias estudar química, biologia....

- É verdade, nunca tinha pensado nisso.....

- Muito bem, e a partir de agora qual é tua decisão?

- Estudar química... além do resto, estudar pode ser divertido também...

- Ótimo! Agora que compreendeste o que afinal significa estudar e decidis-te o queres fazer, vou dar-te uma informação. Cada vez que estás na aula escutando o professor (a) de química, ou outro,  e não entendes a matéria, a tua mente fica com espaços em branco com se tivessem um ponto de interrogação, humm? O que isto significa mesmo...? o que causa massas mentais e faz com que te afastes do estudo..... Agora com a minha orientação e com a ajuda do dicionário vais preencher esses buracos que foram criados na tua mente em relação à quimica, através do aprendizado das palavras básicas, como elemento, átomo, ligação, etc. e vais reabilitar tudo o que (não) aprendeste até agora! Depois se gostares e se funcionar, podes fazer o mesmo em relação a outras matérias. Topas?

- Sim, claro!

- Então vamos a isso. O que significa a palavra átomo?

Aclarámos algumas palavras e depois fizemos uma pequena sessão de auto-terapia de Descondicionamento para desbloquear a frustração, o desanimo, a raiva, etc. que ele tinha acumulado em relação à química.....  

Saiu da sala radiante e feliz. Na próxima sessão continuaremos e em poucas sessões mais será um aluno independente e auto-motivado.

Até hoje, atendi  muitos alunos com dificuldades no estudo, em geral sempre com bastante sucesso, ao fim de poucas sessões.

Encontrei pessoas que nunca estudaram e se transformaram em estudantes brilhantes, não pelos resultados que alcançaram, mas pela redescoberta de verdadeiro  interesse em saber mais acerca de algo.... Alguns passaram a ocupar cada momento livre em suas vidas para aprender mais acerca de algo....

Acredito vivamente que não exista um único ser humano que não queira saber mais acerca de alguma coisa (basta olharmos para os bebes pequenos engatinhando (se não os puserem dentro de andadores ou algo parecido, para não incomodarem e ficarem seguros...)  Muito sutil, mas em alguns poucos casos, os problemas e conseqüente desinteresse no estudo podem começar aí...

Então porque teremos tanto problema na Educação, nas escolas e na sociedade, em geral?

O chakra amarelo


Localizado na região do plexo solar alguns centímetros acima do umbigo, o terceiro chakra, denominado, em sânscrito, de Manipura (Pedra preciosa ou Jóia Brilhante) vibra quando equilibrado, numa freqüência que os nossos olhos vêem como cor amarela.

Outras denominações são: chakra do Plexo Solar, Esplênico, diafragmático ou Centro de Poder.

Como se encontra localizado na boca do estomago, estabelece o limite das influencias materiais sobre a alma. Os chakras que lhe sucedem, são espirituais. No plano físico o terceiro chakra assimila e transforma a matéria enquanto que no plano espiritual ele assimila e elimina os venenos. As pessoas espiritualizadas sofrem bastantes problemas nesta área devido à sintonia espontânea com todo o tipo de vibrações.

A maior dificuldade em certos momentos da evolução na espiritualidade é a transposição das energias guardadas no plexo, para o chakra cardíaco.

O elemento fogo encontra-se associado a este chakra. Se quisermos perceber a qualidade do nosso relacionamento com as outras partes da consciência associadas ao chakra amarelo, basta atentarmos no relacionamento que temos com o fogo ou com o sol.

Se a energia for bem direcionada este chakra gerará poder e poderá levar a grandes realizações. Ao contrário, quando mal utilizada, poderá transformar-se em orgulho e outras formas alteradas do ego, levando a pessoa a usar o poder de forma incorreta. A pessoa não coopera ou é submissa. Intimida para impor sua vontade ou, diz sim quando quer dizer não.

As energias que surgem no terceiro chakra como resultado das transformações vibratórias da energia do amor são a generosidade, a ética, o equilíbrio, a confiança, a organização, a paz e a boa capacidade para o trabalho em comum. O amor interessado, próprio do segundo chakra transforma-se no terceiro chakra, em amor incondicional ou desinteressado, próprio do quarto chakra. Assim, para que a poderosa energia do amor faça a sua ascensão, tem necessidade de cruzar o chakra amarelo, momento este, sempre critico para o corpo físico.   

A função psicológica relacionada a este chakra é a vontade. As principais emoções, a alegria e a ira. 

O sentido físico da visão, bem como os olhos como órgãos da visão, estão também intimamente associados ao terceiro chakra.

As outras partes do corpo relacionadas com ele, são o sistema muscular, a pele, como sistema, o plexo solar, o intestino grosso, o estômago, o fígado e ainda outros órgãos e glândulas viscerais situadas na região do plexo solar como o pâncreas e o baço.

O pâncreas que fica localizado perto do fígado, funciona em ligação com as glândulas supra-renais e com a tireóide e tem duas secreções, uma interna e outra externa.

 Quando nos encontramos demasiados emotivos, ávidos e desejosos de vingança, o pâncreas entra num estado de hiperatividade. Se nos encontrarmos excitados, exaltados e impacientes estaremos a contribuir para uma hipoatividade do pâncreas.   

Já o baço que é responsável pela distribuição do sangue, como principal glândula de secreção interna, fica localizado entre o estomago e o diafragma. Armazena o ferro, ajuda na digestão e fabrica células para o sangue.

É o ponto por onde a energia solar entra, é guardada e distribuída. Alguns autores defendem a idéia de que este órgão pode ser removido devido à existência de outro órgão semelhante e funcional, no corpo subtil, o qual compensa a ausência do órgão físico. O cordão que passa através do baço faz a união entre o corpo material e o corpo espiritual. É o baço que mantém a ligação entre os dois corpos durante uma viagem astral.   

Estando o chakra amarelo associado à visão, podemos dizer que qualquer tipo de perturbação da visão reflete tensão neste centro energético. No plano físico, a natureza da visão reflete o modo de ser da pessoa.

Qualquer sintoma que afete a visão (daltonismo, miopia, hipermetropia, etc.) pode ser descrito como tendo a sua origem numa recusa em ver alguma coisa ou por não se querer enfrentar algo em relação à vida com o qual não se está satisfeito.

O terceiro chakra está associado também a aspetos da consciência que incluem as percepções relacionadas com o poder, o controlo, a liberdade e a facilidade que a pessoa tem de ser ela própria, de estar à vontade e ainda à atividade mental.

Quando temos uma atividade excessiva em nossa mente, sentimos de igual modo uma tensão no chakra amarelo. É preciso ter em conta de que a mente é apenas uma ferramenta e, ao mesmo tempo, apenas uma parte da consciência.

Embora queiramos viver em paz interior, devido à forte identificação que temos com a mente, a maioria de nós não se sente à vontade com a idéia de deixar a mente descansar. As mentes destas pessoas passaram a ser seus mestres, deixando de ser apenas ferramentas.

Quase toda a humanidade ainda vive debaixo deste subtil e forte condicionamento através, entre outros, do processo educacional próprio do Séc. XIX, infelizmente ainda dominante, que estimula o desenvolvimento do ego e os resultados através da decoreba, em lugar de promover a verdadeira sabedoria e o conhecimento.

O terceiro chakra, como qualquer outro, pode encontrar-se num estado  acelerado, desacelerado ou bloqueado.

A falta de sol, a intimidação, submissão e a rejeição são indicadores de um segundo chakra desacelerado.

A alegria, a exaltação do ego,  a vaidade, a absorção exagerada de prana, defesa excessiva e a vaidade são reflexos de um chakra acelerado.

Os bloqueios  são causados por ira, inveja, falta de cooperação, orgulho, tristeza e o uso de álcool ou drogas.

As alterações físicas que com mais freqüência se manifestam quando o chakra permanece perturbado por longos períodos de tempo são má digestão, úlcera gástrica, hipoglicemia, metabolismo acelerado, problemas no cólon, rins, fígado, pâncreas e gastrite.

O chakra amarelo é ferido facilmente, sobretudo através da critica e da rejeição. Se fizermos sempre aquilo que no fundo de nós mesmos realmente desejamos fazer, e, ao mesmo tempo, não fizermos aquilo que realmente não desejamos fazer, no mais intimo de nós mesmos, sendo sempre quem realmente somos, estaremos a fazer a melhor prevenção, evitando assim quaisquer futuros problemas com órgãos que lhe são associados.

Experiências que contribuem para a expansão do terceiro chakra são: a visita a uma joalharia para tocar em muito ouro, procurar alguém na rua que esteja com fome e oferecer-lhe um prato de comida e assistir a uma película engraçada que faça rir bastante.

domingo, 4 de agosto de 2013

Como curar o medo

O medo é possivelmente a mais perniciosa e inibidora dentre todas as sensações que experimentamos ao longo da vida. constituindo-se também como uma grande barreira a nossa  evolução enquanto seres humanos.

Vivemos inconscientemente tolhidos por essa sensação, sem no  apercebermos, de tão habituados que estamos a ela. Vivemos numa sociedade medrosa que, nalguns casos. até defende o medo como necessário e, onde a maioria de nossas ações e decisões é tomada com base em filtros perceptivos de medo. Possivelmente uma grande parte das pessoas que defendem o medo como necessário vivem elas mesmos, num nível mais profundo, dominadas por ele.  Como poderia alguém com medo, defender outra idéia?

Poderíamos ser levados a pensar que isto apenas sucede com pessoas consideradas como pertencentes a estratos mais baixos ou inferiores da nossa sociedade. Mas se observarmos com atenção, ficaremos surpreendidos ao constatar que mesmo nos escalões ditos mais elevados da nossa sociedade, a maioria das decisões são tomadas com base no medo.

Existem muitas obras que retratam as diversas facetas do medo. Para quem ainda não conhece, recomendo que veja o filme “O Nome da Rosa”  como um mero exemplo de como toda uma sociedade pode ser afetada por alguns poucos, dominados pelo medo.

O medo não serve nem para nos proteger. A melhor e única verdadeira proteção é o Amor! Tendo em conta de que tudo o que existe é Amor, o medo, pode ser visto como uma expressão inferior do amor.

Quando observamos em nossos lares, bebês engatinhando por todo o lado, experimentando e ultrapassando a maioria dos obstáculos que encontram, poderíamos perguntar-nos porque esses mesmos bebês, anos mais tarde, tornam-se pessoas medrosas. 

Possivelmente aprenderam a ter medo... e, sobretudo, pior do que isso, aprenderam a retê-lo! Assim, pode até ser considerado como natural, sentir medo, o que não será tão natural é retê-lo...

Uma das maneiras de se ultrapassar o medo, é senti-lo conscientemente, aceitando-o, abraçando-o, sem o querer entender ou controlar, simplesmente observando-o até se extinguir e dar lugar ao Amor na sua forma mais pura!

Antes deste processo relacionado com a liberação do medo se realizar, pode dizer-se que é impossível amarmo-nos e amar outros verdadeira e incondicionalmente!
Para a sociedade como um todo evoluir e melhorar é preciso que cada um de nós individualmente evolua. Infelizmente, sobretudo devido a forte condicionamento externo, parece que ainda não estamos preparados para reconhecer e reencontrar a grandiosidade do Ser que habita em cada um de nós...

É preciso de uma vez por todas renascermos e transformarmo-nos naquilo que já somos, sempre fomos e sempre seremos, Amor, e para isso é fundamental  identificarmos e abraçarmos o medo, expressando-o e liberando-o.

De outra maneira seremos continuamente seres adiados, infelizes, insatisfeitos, irrealizados, incompletos, procurando encontrar a felicidade e as respostas e a satisfação das necessidades, no local onde nunca as poderemos encontrar, fora!

Afinal o que é o medo?

Do ponto de vista da psicologia e de forma breve, o medo é uma sensação que proporciona um estado de alerta. Este estado é demonstrado através do receio de fazermos alguma coisa, habitualmente por nos sentirmos ameaçados, tanto fisicamente como psicologicamente. É considerado também como um mecanismo de aprendizagem e de sobrevivência.

Noutro ponto de vista o medo pode ser visto como a certeza de que algo mau irá acontecer...

O medo pode ainda se transformar numa doença quando passa a comprometer as relações sociais e a causar sofrimento psicológico.

Podemos dividir o medo em duas categorias: o medo por algo conhecido (o escuro, ratos, altura, fogo, sangue, etc.) e os medos desconhecidos.  Eu acrescentaria a estes últimos o medo de ser, como um tipo especial de medo. Ambas, independentemente dos motivos, são desnecessárias e limitadoras. 

Então como sair do medo?

Há muitas propostas. Porém gostaria de me enfocar em 3 que, considero as mais acessíveis, simples e econômicas!

Entre os Florais de Bach existe um Grupo do Medo que inclui 5 Florais relacionados com o medo:

- Rock Rose para o terror e o pânico,
- Mimulus para o medo das coisas conhecidas e a timidez,
- Aspen para medos e preocupações de origem desconhecida, presságios e pressentimentos indefinidos,
- Cherry Plum para o medo de perder o controle físico, mental e emocional e o
- Red Chestnut para o medo ou preocupação que suceda algo ruim com os seres queridos.

Antes de adquirir algum deles ou se pretender informações mais detalhadas sobre os Florais, recomendo-lhe que me contate, através do e-mail:  contato@fernandobaptista.com.br.

Outra forma eficaz de sair do medo é enfocar-se no Amor. A prática regular das facetas do Sistema Isha, direcionadas para o Amor Incondicional, são uma extraordinária ferramenta, se acompanhadas dos outros aspetos do sistema.  Para saber mais recomendo a leitura do livro: Porquê caminhar, se você pode voar?

A terceira proposta é direta e é através do Descondicionamento. Neste, a repetição das frases diretamente para o “inconsciente” irá remover de forma consciente (vendo imagens e/ou sentindo o medo) ou inconsciente (às vezes descarregando-o através do sono, durante o processo).

Se quiser libertar-se do medo em geral, sente-se num local sossegado e livre de interferências, feche os olhos (também pode fazer com olhos abertos) e mentalmente repita 10 vezes cada frase:

(seu nome)... recorda medo entrar – 10x

(seu nome)... recorda medo ficar preso – 10x

(seu nome)... recorda medo não conseguir sair – 10x

(seu nome)... recorda medo não querer sair – 10x

Ao chegar ao final, volte no inicio e continue repetindo as frases  durante, no mínimo, 20 minutos, 3 x ao dia, diariamente até alcançar o que pretende.  Também pode fazê-lo por 60 minutos, de uma vez.

Durante o processo poderá sentir medo, raiva, tristeza, angústia, sono, dor, etc. Apenas continue até ao final, procurando terminar sempre num momento em que se sinta tão bem ou melhor do que quando começou. Nalguns casos poderá ser necessário estender a sessão para lá do tempo previsto.

Para trabalhar medos específicos normalmente são utilizados vários processos em cada sessão, para descondicionar e liberar todos os aspectos do medo em questão.

Informações acerca de casos específicos através de: contato@fernandobaptista.com.br

Termino deixando uma reflexão:

Como seria viver uma sociedade sem medo?

Se ao refletir sobre esta questão se sentir desconfortável ou se surgirem na sua mente imagens ou pensamentos negativos, cuide porque possivelmente ainda vive sob a influência do medo!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O professor deve ser um mediador de conhecimentos

O Prof. José Pacheco, da Escola da Ponte deu uma entrevista .onde afirmou que o professor deve ser um mediador de conhecimentos.


Leia matéria sobre o Projeto Âncora, coordenado pelo educador português José Pacheco, e em seguida, a entrevista com ele.

Não temos séries, nem ciclos, nem classes, nem nada…


Projeto Âncora segue metodologia da Escola da Ponte, com orientação do português José Pacheco, educando cerca de 350 crianças de baixa renda gratuitamente

Ao entrar no projeto Âncora nem parece que se está numa escola. A iniciativa, localizada no município de Cotia (SP), está longe de ser uma proposta tradicional. Inspirada pela Escola da Ponte, de Portugal, lá não há séries, provas e as salas de aula comuns, com um professor falando para alunos organizados em fileiras. Tenda de circo, pista de skate, muita área verde e salas sem divisões compõem o espaço.

A história começou em 1995, quando o empresário Walter Steurer passeava pela região onde morava e viu um terreno à venda. “Ele foi um empresário de muito sucesso e, quando se aposentou, vendeu a empresa, e tinha a ideia de continuar fazendo coisas. Quando comprou o terreno pretendia fazer um condomínio de casas”, conta a esposa Regina Steurer. Mas o destino da área acabou sendo outro. “Ele decidiu empregar o dinheiro que já tinha ganhado em algo que fizesse sentido. Walter tinha claro que o Brasil tinha dado para a família dele tudo que eles tinham, era uma família austríaca, que chegou aqui fugida da Primeira Guerra. Ele pensou: ‘Tenho que devolver ao Brasil o que o país me deu’”, lembra Regina, que fundou o projeto Âncora ao lado do marido.


Quinze dias antes de Walter Steurer falecer, em 2011, o educador português José Pacheco entrou em contato dizendo que aceitara o convite para orientar o Âncora e transformar o projeto numa comunidade de aprendizagem. Reparem a sutileza. Comunidade de aprendizagem, e não uma escola. Pacheco já tinha conhecido o projeto cerca de cinco anos antes, quando tinha feito uma palestra no local. A iniciativa foi criada com três núcleos: de educação infantil, com período integral, para crianças entre 2 anos e a idade de entrar no ensino fundamental; o ensino complementar, que recebia adolescentes da escola pública no contraturno escolar; e cursos profissionalizantes, para jovens e a comunidade.


“O nosso sonho era ter a escola de ensino fundamental para ficar com as crianças o dia inteiro, mas não poderia ser uma escola qualquer”, explica Regina. Conhecida como um marco pedagógico, a Escola da Ponte, localizada em S. Tomé de Negrelos, no distrito do Porto, em Portugal, desenvolveu um método pedagógico no qual é valorizado o conhecimento do aluno. “Não temos séries, nem ciclos, nem classes, nem nível, nem nada, porque isso não tem fundamento cientifico”, afirma Pacheco.


Quem explica como funciona o Projeto Âncora é a garotinha Allanys, de 10 anos. São sempre os alunos que levam os visitantes para conhecer o local. E é impressionante o envolvimento das crianças com o projeto. Allanys conta que é a própria criança quem define seu planejamento. No dia da visita da Fórum, entre os conteúdos que ela iria estudar, estavam o sistema solar e a história da princesa Isabel. Quando o aluno sente que já sabe o conteúdo, solicita ao professor uma avaliação. O professor conversa com o aluno e, se sentir que ainda é preciso aprender mais, orienta o aluno a procurar mais informações. Nesse caso, incentiva-se o aluno a buscar informações nos livros, internet e com os colegas. Em vários locais há uma lista onde, em uma coluna, se inscreve quem pode ajudar, e na outra quem precisa de ajuda. Cada aluno tem um tutor, que é um professor responsável por um grupo de alunos. São feitas assembleias a cada 15 dias para debater problemas da escola.


Para José Pacheco, o professor deve ser um “mediador de conhecimentos”. Segundo ele, esse modelo da Ponte é bem mais barato que as escolas tradicionais e apresenta melhores resultados. De acordo com o educador, em Portugal os alunos da Ponte conseguem melhores notas que os de outras escolas quando chegam ao ensino médio.


Hoje, já são mais de mil com projetos semelhantes no mundo que seguem as práticas adotadas na Ponte. “Não é clonagem, as escolas não são réplicas, mas se inspiraram na Ponte, e cada uma faz um melhor trabalho do que fazia antes, mudando sua forma de trabalhar”, diz Pacheco.


“Gostaria que todas as crianças do Brasil tivessem o que as nossas têm”, afirma a gestora do Âncora, Suzana de Camargo Ribeiro. Hoje, estudam no Âncora cerca de 350 alunos gratuitamente. Para entrar na escola, é preciso morar na comunidade e as famílias têm que ter renda de até três salários mínimos. “A gente prioriza que todos os irmãos estejam na escola. Isso é o que é hoje, mas não é o que a gente sonha. Sonhamos para todos”, complementa Regina.


O maior desafio do Âncora, segundo os gestores, é o financeiro. No início, o empresário Walter mantinha o projeto. Conforme o diretor do projeto Fábio Zsigmond, hoje a iniciativa se sustenta por meio de doações de associados (30%) e de fundos incentivados, do imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas. O orçamento anual é em torno de 1,5 milhão de reais. “A gente não tem um fundo estável, todo ano tem de ir atrás”, finaliza.


As escolas brasileiras são como usinas que engolem gente e vomitam bagaço


O educador José Pacheco é idealizador da Escola da Ponte, localizada a 30 quilômetros de Porto, em Portugal. Lá ele conseguiu colocar em prática, desde 1976, métodos que fogem das escolas tradicionais. Sem séries, ciclos, provas, paredes e muros, sua proposta, como ele faz questão de dizer, não é feita só com um professor, conta com a participação de toda a equipe, que se mobiliza para ousar e fazer uma educação diferente. Para Pacheco, já está provado que a forma como o Brasil está educando as suas crianças e jovens não deu certo. Crítico, ele defende que, em vez de avaliações e rankings, sejam criadas comunidades de aprendizagem, onde os alunos vão construindo seu conhecimento, uns com os outros. Para ele, não dá mais para se pensar em salas de aula com um professor falando para os alunos enfileirados. Morando no Brasil, onde coordena o projeto Âncora, Pacheco afirma que a Ponte pode servir de “protótipo” para outras escolas, mas cada uma deve encontrar o seu jeito de fazer. Leia a seguir a entrevista com Pacheco, que é autor de diversos livros entre eles Caminhos para a Inclusão (Artmed) e Escola da Ponte (Vozes).

Revista Fórum – O senhor é crítico em relação à forma como o Brasil tem desenvolvido seu projeto educacional e costuma dizer que não estudamos nem aplicamos os ensinamentos de grandes educadores como Paulo Freire, Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira.  O que está errado no projeto de educação no Brasil?


José Pacheco –
Não é justo que se faça isso e que se continue a promover um modelo de escola do século XIX, com o professor sozinho na sala de aula. Não encontro explicação para os 30 milhões de analfabetos que o Brasil tem, por isso é preciso ousar. Mas com responsabilidade, não estou falando de oba-oba. No Brasil, como em Portugal e em outros países, continuamos a ensinar jovens do século XXI com professores do século XX e um paradigma do século XIX. Esse é o principal problema. Com ou sem novas tecnologias, aliás as novas tecnologias até podem contribuir para aprofundar a crise se forem usadas em função do paradigma velho. E quando falo isso é porque sei que há alternativas. O que acontece no Brasil é que, para além de se desperdiçar recursos, basta dizer que o último relatório da Fiesp [Relatório Educação: gastos públicos e propostas de melhorias,da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, de outubro de 2010], sobre dez anos de desempenho do Ministério da Educação, mostra que o sistema educativo brasileiro desperdiça por ano 56 bilhões de reais, isso é inconcebível. Hoje, o custo aluno/ano do Brasil é um dos maiores do mundo. Estamos em um momento em que é preciso dizer: Essa escola com origem na França, na Prússia, na Inglaterra da Revolução Industrial, acabou há mais de cem anos. O Caetano de Campos já falava isso no Império. A questão é por que o poder público mantém esse monstro. Será que é porque convém a alguém?  Por que convém a indústria do cursinho? Será que é porque convém que haja desigualdade, que haja marginalidade, porque convém que haja tráfico? A questão é mesmo essa. Pergunto muitas vezes a mim mesmo como, perante as evidências dos rankings e das violências múltiplas que vivemos, dentro e fora do ambiente escolar, como se consegue manter uma coisa dessas.

Como diria João Cabral de Melo Neto, as escolas brasileiras são como usinas que engolem gente e vomitam bagaço. Ele escreveu isso há 50 anos, e continua assim. Eu sou um crítico, um crítico desses titulares do poder público que continuam a fomentar o desperdício, a infelicidade e a ignorância. Porque é possível de outras maneiras. E é possível sem ir comprar do estrangeiro. As soluções estão aqui dentro. Fico muito revoltado, a palavra é essa, revoltado, quando vou às faculdades de Pedagogia e não vejo nas bibliotecas nenhum livro do Lauro de Oliveira Lima, ou de outros de sua geração, nem da Maria Nilde [Mascellani], nem de Nilza Silveira. Vejo os Piagets, os Vygotskys e toda essa inutilidade europeia e norte-americana ou asiática, porque o Vygotsky é da Rússia.

Mas o que fazemos aqui no Âncora poderá servir de protótipo, porque nada se repete, para provar a possibilidade de eu ter crianças e jovens das classes D e E com excelência acadêmica e inclusão social. Se nós provarmos isso, sem ter um centavo do poder público, com crianças “jogadas fora” das outras escolas no município com o mais baixo Índice de Desenvolvimento de Educação Básica [Ideb] do Estado de São Paulo, que é Cotia, eu quero ver o que o Estado brasileiro vai fazer. O que as prefeituras vão fazer. Se vão continuar a investir no desperdício ou se vão reconsiderar e perceber que esses professores que temos aqui, esses educadores, são da mesma calha, com a mesma formação, com a mesma cultura. E com eles se constrói uma coisa assim.


No Projeto Âncora, as carteiras não são dispostas em filas, mas em baias. E os alunos fazem seu programa de estudo do dia. E os professores são tutores.

Quando eu escuto certos responsáveis pelo Ministério da Educação falar da Finlândia, eu pergunto se falam da mesma Finlândia que eu. Porque quando os vejo introduzindo mais provas, mais exames… a Finlândia acabou com os exames. Quando os vejo não respeitando o artigo 15º, a Lei de Diretrizes e Bases, que concede às escolas sua total autonomia, eles esquecem que na Finlândia as escolas são todas autônomas. Quando eles engordam o Ministério da Educação, esquecem que na Finlândia enxugaram o Ministério ao mínimo.

Fórum – O senhor tem falado muito da questão da avaliação, que se tornou  modismo no Brasil. Mas também há a moda do apostilamento. E atualmente muitas prefeituras têm adquirido métodos apostilados. Isso também não é deletério para a educação?


Pacheco –
Passo grande parte do meu tempo entrando em escolas e o que eu vejo é sistema apostilado, caro e quase sempre com um dinheiro por fora para alguém que contrata. Já ouvi certos relatos que me deixam enojado, é este o termo, de ver tanta máfia, tanta corrupção envolvendo educadores. Vejo esses livros todos utilizados como consumidores de currículos e tornando professores em papagaios. Enquanto vejo nos arquivos os livros que o Ministério da Educação manda fazer e distribuir de graça para as escolas. Estão lá, dentro dos plásticos, dentro das caixas, ninguém os usa. E usam esse sistema apostilado. A pergunta é: Por quê?


Quando você me fala de avaliação, eu pergunto: Qual avaliação? Eu não vejo avaliação nenhuma. Que me perdoe a Fundação Getúlio Vargas ou outra, onde está a avaliação nesse País? Qual avaliação? O que é o Ideb? O Ideb não é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. É o índice de “decoreba” na educação básica. Vamos aplicar a mesma prova passando alguns meses e vamos ver se o resultado é o mesmo.


Segundo, fluxo escolar, defasagem, por que há defasagem? Por que há ano letivo? Por que há ciclos? Por que há séries? Se nada disso tem fundamento científico. Por que é que se faz avaliação sobre o critério desses indicadores? Ou seja, o que existe é classificação, e malfeita, rankings que ignoram variáveis fundamentais, como a origem social, por exemplo. No Brasil, não há uma cultura de avaliação, há uma cultura de ranking leviano. O que me espanta é que gente que está na faculdade e que forma professores na área da avaliação entre nessa indústria.


Avaliação, nesse País, é muito simples fazer, basta verificar que aqueles que saem do curso de Direito com um diploma não conseguem aprovação no Exame da Ordem dos Advogados. Ou engenheiros que saem das faculdades brasileiras e são substituídos por engenheiros estrangeiros, porque os brasileiros não têm qualificação profissional para os cargos. Isso é avaliação? Avaliação é saber que 4 milhões de brasileiros em idade escolar estão fora da escola, o que é quase a metade da população de Portugal. Isso é avaliação. Avaliação é perguntar: Você sabe raiz quadrada? E perceber que, em cada cem, só três ou quatro crianças sabem. Ou seja, não apreenderam. Avaliação é saber que, mesmo “papagaiando” e utilizando apostilas, as crianças não aprendem, fazem decoreba, vomitam em prova e se esquecem logo depois. Isso é avaliação. O resto é o faz de conta na avaliação. O resto são milhões de reais gastos em pseudoavaliações. O resto é alimentar um sistema que não reconhece os erros, porque as avaliações que se fazem já estão comprometidas com os próprios parâmetros, critérios e indicadores.


Fórum – Isso não tem muito a ver com a lógica conservadora da escola, não só com a questão política, não é verdade? Essa dinâmica de giz, lousa e o professor sendo autoridade suprema está incorporada à escola há alguns séculos e, por isso mesmo, os educadores parecem ter dificuldade em abrir mão disso.

Pacheco – No Brasil, muito mais, porque nós temos uma herança jesuítica. Não tenho nada contra os jesuítas, grandes obras fizeram, mas legaram uma herança cartesiana, positivista, que é pior. E temos um outro problema:  a universidade brasileira é uma das mais conservadoras que conheço. O Pierre Lévy dizia que a universidade perdeu o monopólio do saber e apenas mantém o monopólio da creditação do diploma. E esse é um problema sério. Quando me convidaram, ainda em Portugal, para trabalhar na universidade, diziam: “Na Ponte é possível, mas não é possível na universidade”. Perdoai a arrogância, mas eu provei que era possível.

Os estudantes ficam em tempo integral no Projeto Âncora e almoçam no local.

Mas o que mais me chocou quando entrei foi perceber que era uma Faculdade de Educação e de Psicologia e que estudavam Vygotsky, uma visão construtivista, e que estudavam toda a psicogênese, tudo que era filosofia, pedagogia, sociologia da educação. Percebiam a desmontagem feita por Foucault, Bourdieu, da escola que temos. Compreendiam isso tudo, no domínio, no conceitual, e eu entrava nos espaços deles e era cadeirinha atrás de cadeirinha, aluno olhando a nuca da frente e o professor papagaiando aquilo que qualquer um deles poderia ler em um livro em casa, sem precisar ir à faculdade. Eu perguntava: Onde é que está a coerência? Nós temos uma universidade que é um monstro, e a universidade é a matriz. O modo como o professor aprende é o modo como o professor ensina. Se ele é formado escutando aula, ele vai dar aula. E onde é que está o Vygotsky? Um dia, um doutor da faculdade me disse que tinha doutorado em Vygotsky. E eu perguntei:  “Por acaso você leu o mesmo Vygotsky que eu li?”. É impossível considerar que, tendo estudado até o doutoramento, Vygotsky continuasse a dar aula, porque é contraditório.

A universidade continua com essas práticas sacerdotais, da posse e venda do saber, esquecendo que um professor não ensina aquilo que diz, transmite aquilo que é. Então eles transmitem essa velha cultura, de O nome da rosa [romance de Umberto Eco].


Fórum – O senhor tem feito isso na Ponte, e agora aqui no Âncora. Professor, qual é a receita da mudança?


Pacheco –
Não tem receita. Há uma atitude. Dentro dessas universidades que eu critico, tem gente muito bem equipada intelectualmente, gente sábia, gente boa. Eu não vou dizer nomes da universidade brasileira para não criar constrangimentos, mas da portuguesa posso dizer: Antonio Nova, Manuel Sarmento, Rui Canário, são as natas das natas da educação. No Brasil, também há muitos, o Brasil tem tudo que precisa e a universidade também. O que é preciso é coragem e responsabilidade. Coragem para ser coerente com aquilo em que se acredita. Ou seja, escolas são pessoas. Pessoas têm os seus valores, os valores transformados em princípios fazem desenvolver projetos. Falta coragem para fazer, coerência entre teoria e prática. Uma práxis coerente. E responsabilidade, porque tudo isso depende também de conhecimento, ou seja, tem de ser muito bem fundamentando e tem de estar enquadrado numa lei que o Darcy deixou em 1996, e que é quase perfeita: a Lei de Diretrizes e Bases na educação brasileira. Cumprir aquilo que está na Lei de Diretrizes e Bases já é revolucionário.


Fórum – O Projeto Âncora não adota o sistema de séries. Como é que se dá a passagem de ciclos? Como é o sistema de avaliação? Como se sabe se um aluno está preparado para sair na nona série?


Pacheco –
Não temos séries nem ciclos, nem classes, nem nível, nem nada, porque isso não tem fundamento científico. E como não tem fundamento científico, como educador considero um insulto praticar isso. Se o Ministério tivesse vergonha, não o faria também. Quando as crianças atingem a idade de passar para outros ciclos, nesse momento, até muito antes, eles adquiriram toda a grade curricular nacional, mais todo o chamado domínio não cognitivo, se é que há algum domínio não cognitivo, pois as duas coisas estão juntas. Mas há quem diga isso, pode ser que se refiram às atitudes do domínio socioemocional, moral, ético, estético.


Essas crianças, esses jovens estão aptos a sair como em qualquer outra escola, ou melhor, melhor que em outras escolas. A avaliação acontece quando o aluno sente que cumpriu determinada tarefa, que alcançou determinado objetivo, que aprendeu determinado conteúdo, que cumpriu determinado projeto. E a partilha daquilo que produziu enquanto conhecimento é a avaliação. Eu consigo transformar a informação em conhecimento, e ao transformar a informação em conhecimento, num contexto de projeto,  pego o conhecimento e vou colocá-lo em ação, ou seja, desenvolver com crianças.


Avaliação é quando o aluno quer, quando o aluno sente que é capaz de partilhar conhecimento construído. Prova não é avaliação. E posso provar isso. É um mau momento de deseducação, que também posso provar.


Fórum – A escola da Ponte já deve ter uma serie de resultados que permitem comparações em relação a outras escolas da rede em Portugal. O que esses resultados demonstraram, professor?


Pacheco –
Os relatórios são realizados, as avaliações são realizadas, a pedido do Ministério da Educação, e são realizadas por uma equipe de avaliadores independentes, nomeados pelo ministério, que às vezes está até interessado em acabar com o projeto da Ponte. Tudo é avaliado por alguém externo, enviado pelo ministro da Educação. O que se tira dos relatórios é que no domínio cognitivo, no estudo diacrônico e comparativo, ou seja, comparando as notas dos ex-alunos da Ponte, quando foram para outra escola, com as notas de cerca de dez escolas da região, o resultado é este: em todas as disciplinas as melhores notas são dos alunos da Ponte. Segundo, em relação às atitudes, quando vão para outra escola, eles ensinam os outros a pesquisar, ajudam os outros a aprender, formam associações de estudantes, participam ativamente. São pessoas que colaboram, sabem pedir a palavra. No domínio da relação escola-família, é a comunidade que dirige a escola, não pode haver maior integração ou maior relação. Há vários parâmetros. A pergunta que faço é aquela que me fazem muitas vezes: Se a Ponte é assim, por que é que o Ministério da Educação, de Portugal, não torna todas as escolas como a Ponte? Ainda bem que não o fazem. Porque nada poder vir por decreto. A questão tem de ser outra, o Ministério da Educação tem de pedir conta para as outras escolas do porquê não fazem aquilo que a Ponte consegue fazer, com a vantagem de que a Ponte é a escola mais barata do meu País. A mais barata. E recebe alunos que as outras escolas jogam fora, e os recupera. Aluno que não aprende em outra escola, ou aluno que põe professor em estado de coma em outra escola, vai para a Ponte. Aluno da Febem de lá vai pra Ponte. Enquanto isso, as outras escolas produzem a defasagem, uma classe de reforço, outra classe de aceleração. E na classe de recuperação vai se dar mais do mesmo do que já foi dado. As pessoas não entendem que continuando a dar aula vão continuar a reproduzir esse déficit de darwinismo social. Como não percebem isso? Não percebem que, quando expulsam um jovem, esse jovem vai voltar, passado alguns anos, com um fuzil apontado para sua cabeça, não entendem isso. E que isso é despesa, isso é prejuízo, isso é desperdício. Então, por que é que não fazem uma Ponte? Porque essas escolas, nem os sistemas educativos, são geridos pela Pedagogia e para o bem da criança, são geridos por burocratas.


Fórum – Há escolas em São Paulo que se inspiram no projeto da Ponte, imagino que em Portugal devem ter outras tantas.


Pacheco –
Sim, vale lembrar que a maior parte não é projeto de escolas, são projetos de professores dentro da escola. E muitos desses professores foram meus alunos na Universidade, e agora estou me vingando, porque eles fazem a diferença. Mas mesmo aqueles que não foram, o espírito da Ponte os captou. Portanto, há muita gente muito boa fazendo um bom trabalho, normalmente são criticados, são perseguidos, mas há quem resista. No Brasil, há mais de cem escolas, que eu conheça, inspiradas na Ponte. Não são a Ponte, não são uma clonagem, não são réplicas, mas se inspiraram na Ponte. E cada uma faz um melhor trabalho do que fazia antes.

No mundo, que eu saiba, são mais de mil. E isso me assusta muito, porque há a ideia de oba-oba, do vamos deixar de ter aula, vamos deixar de ter série. E  isso me preocupa, porque as pessoas têm de ter o bom senso de perceber que a Ponte faz o que faz porque fundamenta. As pessoas têm de ir devagar, porque grandes metas fazem-se com pequenos espaços. Porque a criança não é cobaia e merece respeito. E muitas vezes, em nome da Ponte e de muitas Pontes, fazem-se atrocidades. Tenho muito medo dessa expansão rápida e não defendo a alta escala. Defendo o modelo de contágio, porque acredito nos professores, na bondade e na inteligência dos professores. E acredito no tempo. Não sou otimista, sou esperançoso. O otimismo é da natureza do tempo, enquanto a esperança é da natureza da eternidade.


Fórum – Professor, o senhor acha que esse tipo da educação que se aplica aqui no Projeto Âncora pode ajudar a melhorar o ambiente social, pode contribuir para diminuir a violência na escola e fora dela?


Pacheco –
Quando se fala da indisciplina dentro da escola, eu pergunto se ela não é filha do autoritarismo e da permissividade. Vou falar da nossa experiência no Projeto Âncora. Esses jovens que apareceram aqui no ano passado, jogados fora por outras escolas, vinham com esses sintomas, de extrema violência, de desrespeito total, porque eles tinham sido violentados e desrespeitados. Se eles não sabiam ler quando chegaram aqui, com 10, 11, 12 anos, é porque não foram respeitados. Isso é um exemplo de uma violência extrema, que foi condená-los ao analfabetismo. Será que as escolas não vêm produzindo isso? Será que as famílias continuarão a produzi-los? Será que é inevitável que nós tenhamos um país assim? Onde a juventude é assassinada por aí? É preciso que a escola pense qual é a sua responsabilidade no meio disso tudo.


Fórum – E qual é a responsabilidade da escola?


Pacheco –
É decisiva. A escola é a instituição de transição. Ou seja, se a família os produz assim, a última hipótese que eles têm de ser gente é a escola. Mas a escola, como ela funciona, com projetos discricionários, com violência simbólica, organização prussiana, não tem sentido nenhum. O que fazem dentro da escola, os jovens no fundo das salas com os fones nos ouvidos enquanto os professores papagaiam a aula?  Isso não pode ser. E os intervalos, que são exibições de bullying gratuito, das quais o professor foge para não se intrometer, porque também pode ser agredido, o que é isso? É uma insanidade. E continua a se perpetuar isso na escola e, acima dela, na sociedade. Até porque a escola é o modelo da sociedade.


Fórum – O senhor já trabalhou em projetos municipais?  É possível implantar esse tipo de projeto em uma cidade ou em um estado?

Pacheco –
Essa questão me é colocada, em geral, de outra forma. E dito normalmente assim: “Você não sabe o que diz porque nunca esteve no poder”. E aí eu respondo que fui prefeito da minha cidade. Sei que é possível fazê-lo por meio do poder. Eu fui prefeito, fui vereador, eu sei. Eu fui ajudar a fazer a Revolução dos Cravos, eu sei. Quando é preciso, faça-se. Quando se tem poder, exerça-se. Preciso dizer que em várias cidades e municípios onde eu vou, solidariamente, fraternalmente, há prefeitos e secretários que já entenderam e estão a alcançar, cada um a seu modo, processos de mudança que vão ser uma surpresa para o Brasil. Ao mesmo tempo, o Âncora vai partilhar aquilo que está construindo, e isso vai permitir que venham gente dessas cidades, dessas prefeituras, para partilhar conosco o que aqui fazemos, que se chama comunidade de aprendizagem. E que não é mais um conceito para fazer tese de doutoramento, é uma visão de sociedade. E é o futuro. Precisamos de comunidades de aprendizagem. Fixai a expressão. Não as comunidades de aprendizagem que já andam por aí, mas as comunidades de aprendizagem que sejam vizinhanças solidárias, que partam das necessidades concretas e dos sonhos e promovam um desenvolvimento humano sustentável. É disso que se trata. A escola, está lá dentro.

Fórum – Pelo que conversamos esse modelo também não é caro.


Pacheco –
Esses projetos são mais baratos, mais eficientes, mais eficazes.


Fórum – Falando em recursos, os salários dos professores no Brasil são baixos. Os salários daqui do Projeto Âncora são os mesmos da rede?


Pacheco –
Aqui o salário também é baixo porque estamos a lutar com algumas dificuldades, mas presumo que dentro de dois a três anos, todos – e quando eu digo todos falo desde o coordenador ao cozinheiro, passando pelo jardineiro e o professor – ganhem o mesmo e ganhem talvez o triplo do que qualquer professor da escola pública. Isso é possível. Aliás, é possível que os professores brasileiros ganhem muito mais do que ganham. E que tenham um estatuto social menos depreciado. Basta enxugar despesas e dar autonomia à escola. Por exemplo, não é preciso livro didático nem uniforme, nem pagamento suplementar a diretor, nem é preciso diretor, nem é preciso ponto, nem é preciso coordenador, nem é preciso merenda escolar ou transporte escolar, não é preciso nada disso, nem é preciso consumos, nem é preciso papel higiênico, nem é preciso edifícios de escola. Eu não estou dizendo para derrubar os edifícios de escola ou tirar papel higiênico do banheiro, não é isso que eu estou dizendo, é que tudo isso pode ser enxugado. E tudo isso poderia ser feito desfazendo-se o edifício burocrático que se chama MEC, que é cheio de gente que não faz nada, que não produz conhecimento, não ajuda a melhorar a aprendizagem. Então, se nós tivéssemos a possibilidade de enxugar tudo isso, eu penso que os professores brasileiros ganhariam entre 15 a 20 mil reais cada. Enquanto continuar o desperdício, eles vão continuar a ganhar miseravelmente. Vão precisar ir de escola em escola ganhar o pão de cada dia. Mas a responsabilidade também é do professor. A responsabilidade também é dos órgãos de representação dos professores, que vivem numa perspectiva corporativista.  Enquanto os professores não se afirmarem como pedagogos, enquanto se deixarem governar por burocratas, vão continuar à mercê daquilo que têm: baixo salário e um estatuto social depreciado. 


Entrevista por Adriana Delorenzo e Renato Rovai à Revista Fórum em 31 de Julho de 2013